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Goiás confirma 9 mortes por dengue e dispara com maior número de casos do País

O Comitê de Investigação de Óbitos de Goiás confirmou mais quatro mortes por dengue no Estado, na última terça-feira (22), elevando para nove o número de vítimas da doença em 2022. Seis óbitos de crianças estão sendo investigados. De acordo com boletim do Ministério da Saúde (MS), até o fim da décima semana epidemiológica, entre os dias 6 e 12 de março, Goiás, Bahia e São Paulo lideravam o ranking de mortes no Brasil, com seis confirmações ao longo dos três primeiros meses do ano.

Goiás também é o primeiro em número de casos, contabilizando 35 mil confirmações até a última quarta-feira (23). Em relação aos casos em investigação, até a última sexta-feira (19), 65 mil notificações estavam sob análise, o que representa um aumento de 279% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando 17 mil casos estavam em apuração.

A explosão de casos no Estado é puxada por Goiânia, que foi o município que mais registrou casos de dengue no Brasil entre 6 e 12 de março, e Aparecida, que ficou em quinto lugar nacional na mesma semana. Apesar do aumento descontrolado, a SES-GO diz que 90% dos goianos contraíram a dengue tipo 1, forma da doença que tende a não desenvolver quadros graves.

Possíveis causas

O coordenador de dengue, zika e chikungunya da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), Murilo do Carmo, aponta dois fatores principais para justificar o aumento: o alto volume de chuva no início do ano e a pandemia de Covid-19. As chuvas contribuem para o aumento do número de focos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor do vírus da dengue. A capital, por exemplo, teve o mês de fevereiro mais chuvoso desde 1937.

Em segundo lugar, as medidas restritivas de combate à pandemia de Covid-19 teriam desestruturado as equipes de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) dos municípios goianos, segundo Murilo. “Nós temos um desmonte das equipes de controle e endemia por parte das gestões municipais, uma vez que eles tomaram posse em uma franca pandemia de Covid. Isso fez com que muitas atividades dos próprios agentes de combate à endemia (fossem impactadas), que naquele momento ficaram impossibilitados de entrar nos imóveis”, afirma o coordenador.

Alerta

O médico infectologista do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana), Marcelo Daher, alerta para a letalidade da dengue em Goiás, principalmente entre crianças. Segundo Daher, devido à diminuição de casos de dengue nos últimos anos, já era esperado um aumento neste ano. “Toda epidemia acontece isso, você tem momentos de grande diminuição e momentos de elevação posterior. Esses cuidados poderiam ter sido redobrados, a gente já vinha falando de dengue desde o começo de dezembro”, disse.

O maior número de infecções e óbitos entre crianças pode ser mais recorrente a depender do nível de reinfecção entre adultos, que tende a produzir maior imunidade, deixando as crianças mais vulneráveis. “Existem sinais de alerta, a criança ficar prostrada, dor abdominal intensa e desidratação são sinais que temos que ter atenção”, explica. As infecções por dengue 1, 2, 3 ou 4 dificilmente podem ser identificadas pelo quadro clínico do paciente, por apresentem os mesmos sintomas, explica o profissional da saúde.

Atendimento básico

Para controlar o surto, Marcelo Daher ressalta a importância do diagnóstico no momento certo. “É importante que o Sistema de Saúde esteja preparado para conter a doença. Montar unidades de hidratação, colher hemograma para poder avaliar o paciente que estiver mais grave e proceder com a internação”, explica o infectologista. Além disso, os surtos simultâneos de Covid-19, gripe H2N3 e de dengue no fim de 2021 podem ter prejudicado a percepção sobre o vírus. “Tinham três doenças circulando com quadros parecidos e isso pode levar a erro de condução”, relembra.

Daher conta que os casos de pacientes com dengue têm apresentado sintomas mais severos do que de Covid-19. “Eu tenho visto casos de dengue com sintomas mais graves do que de Covid. É muito importante a hidratação e a condução correta do caso. Se o paciente ficar solto, ele pode complicar”, explicou o médico, ressaltando que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) precisam ser fortalecidas para atender toda a demanda.

Números de Goiânia assustam

De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, entre os dias 6 e 12 de março, Goiânia foi a cidade brasileira que mais registrou casos de dengue, com 16.629 casos em uma única semana. Aparecida de Goiânia aparece em quinto lugar, com 2.438, atrás de São do Rio Preto/SP, Palmas/TO, e Brasília/DF.

Segundo boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), antes de completar três meses, 2022 já registra mais que o dobro de casos de dengue que todo ano de 2021. Foram 11.682 casos registrados no ano passado na capital, contra 19.898 confirmados nas primeiras 11 semanas deste ano. Esse número representa um aumento de 1.544% dos casos.

Entre as regiões do País, o Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, com 204 casos para cada 100 mil habitantes na segunda semana de março, número muito superior à região Sudeste, que aparece em segundo lugar com 97,4 casos por 100 mil habitantes.

Em Goiânia, todas as regiões da cidade apresentam taxa superior a 300 casos para cada 100 mil habitantes. As regiões Norte e Sudoeste aparecem com os maiores índices, com números na casa dos 2.000 casos para 100 mil habitantes, números que colocam a capital em situação de alto risco.

Fonte: O Popular

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