O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) conquistou, nesta quarta-feira (4), um importante reconhecimento nacional: o Projeto Raízes Kalungas – Justiça e Cidadania foi o vencedor do 5º Prêmio Conexão Inova. A cerimônia de premiação aconteceu durante o encerramento do Convergência 2025, um dos maiores eventos de inovação do setor público brasileiro, realizado em Belo Horizonte (MG).
Promovido pela Rede Conexão Inovação Pública, o prêmio teve, nesta edição, mais de 2.200 projetos inscritos de todo o país, em diferentes categorias. A iniciativa visa reconhecer e valorizar ações que impactam positivamente a gestão pública, tornando os serviços mais acessíveis, eficientes e conectados com a realidade da população.
Para o presidente do TJGO, desembargador Leandro Crispim, a conquista é um marco institucional e social. “O reconhecimento nacional do Raízes Kalungas reforça o compromisso do Judiciário goiano com uma justiça humana, inclusiva e que atenda a todos. Esse prêmio dá visibilidade a uma população que merece nosso mais profundo respeito e reconhecimento. É, acima de tudo, uma vitória da cidadania e da reparação histórica.”
O chefe do Poder Judiciário agradeceu o trabalho de todos os envolvidos no projeto. “Destaco o comprometimento e a dedicação de todas e todos que fazem desse projeto um sucesso tão grande.” Crispim ainda ressaltou a participação do desembargador Carlos França, que deu início ao projeto. “Estamos dando continuidade para garantir que essa população nunca mais seja esquecida.”
O juiz auxiliar da Presidência e coordenador do projeto, Reinaldo Dutra, destacou a importância da visibilidade nacional conquistada. “Essa vitória mostra que é possível inovar ouvindo. Que é possível transformar a vida das pessoas com escuta, com a participação delas próprias. O projeto tem auxiliado, mas a grande riqueza é o povo Kalunga.”
A premiação
Finalista no evento, a apresentação do projeto vencedor foi realizada no segundo dia do Convergência. A juíza da comarca de Cavalcante, Isabela Maia, liderou a equipe técnica responsável por explicar aos jurados os detalhes jurídicos e operacionais da iniciativa. “Essa vitória reafirma o que já vemos na prática: o quanto o projeto faz diferença na vida das pessoas. Levar essa experiência para o palco nacional é ampliar o alcance de algo transformador”, disse.
A servidora do TJGO, Josineste dos Santos, mulher Kalunga, foi a responsável por apresentar o projeto ao público e à banca julgadora. Representando o Judiciário goiano e sua própria comunidade, ela emocionou a plateia ao trazer o relato de quem vive a transformação promovida pelo projeto. “Poder representar o meu povo e os meus ancestrais foi uma oportunidade única. Subir naquele palco foi dar voz a uma história que sempre foi contada em silêncio. Foi um momento de orgulho, gratidão e esperança.”
Também presente na equipe, a assessora da Presidência do TJGO, Priscilla Ramalho, que acompanha diretamente o projeto comemorou a conquista: “É um projeto lindo, que vem transformando vidas e a forma de fazer justiça naquela região.”
O presidente da Associação de Moradores Quilombo Kalunga, Carlos Pereira, celebrou o reconhecimento como oportunidade de ampliar o impacto da iniciativa. “Esse prêmio é uma chance de o projeto ganhar visibilidade nacional e ser replicado em outros lugares do Brasil. A nossa luta por reconhecimento agora é exemplo para o país inteiro.”
Conheça mais sobre o Projeto Raízes Kalungas
O Projeto Raízes Kalungas é uma iniciativa que representou um avanço na promoção da justiça, cidadania e inclusão social para a maior comunidade quilombola remanescente do Brasil. Com base em escuta ativa, pertencimento e articulação interinstitucional, o projeto foi desenvolvido para garantir acesso à justiça e à cidadania para a população Kalunga, maior território quilombola do Brasil.
Instalado nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, o território Kalunga é reconhecido como Patrimônio Cultural pelo Estado desde 1991 e, desde 2021, também é considerado pela ONU como o primeiro Ticca (Território e Área Conservada por Comunidades Indígenas e Locais) do país.
O projeto já expediu mais de 4 mil documentos, entre RGs, certidões e CPFs; implantou 7 Pontos de Inclusão Digital (PIDs) nas comunidades Kalunga; e contratou mais de 30 servidores da própria comunidade, capacitados para atender localmente.
Recentemente, o atual presidente do TJGO, desembargador Leandro Crispim, realizou em Cavalcante a edição 2025 do “Mutirão Direitos ao Alcance de Todos”. Ao longo de cinco dias, foram realizados 2.142 atendimentos, entre emissão de documentos civis, orientação jurídica, reconhecimento de paternidade, audiências de mediação, atendimentos médicos e entrega de títulos de regularização fundiária.
Fonte: TJGO