Nas noites claras e de poucas nuvens, especialmente entre maio e setembro, os céus da Chapada dos Veadeiros revelam um espetáculo natural difícil de ser descrito. Mas quem vive e visita a região sabe: é de tirar o fôlego. Coleci Gonçalves, que é guia de turismo da região, diz que o local tem atraído cada vez mais visitantes a incluir a astrofotografia no roteiro da viagem.
“A partir de maio a outubro, o céu fica mais claro para você ver as constelações perfeitamente?”, comenta o guia, que há mais de dez anos fotografa o céu cerrado e acompanha grupos interessados em registrar imagens da Via Láctea, das estrelas cadentes e das principais constelações visíveis a olho nu.
A combinação de altitude, baixa poluição luminosa e céu limpo durante a estação seca transforma a Chapada em um verdadeiro planetário a céu aberto. É nesse período — entre maio e setembro — que a região atinge o auge da visibilidade celestial. “Como é no tempo de seca, então as nuvens no céu não atrapalham? Não tem nuvem muitas assim. Então a temporada ideal é de agora até mais ou menos agosto, setembro.”
A experiência noturna tem atraído não apenas os amantes da fotografia, mas também curiosos e entusiastas da astronomia. “Tá vindo uma galera muito grande, tipo grupo assim de 5, 10 pessoas, que quer durante o dia fazer um passeio na cachoeira e à noite observar o céu, ver as estrelas cadentes, ver as Três Marias, Escorpião [constelação de Escorpião]. e outras estrelas que a gente tem conhecimento de tá vendo a olho nu”.
A estrela da noite, no entanto, é a Via Láctea — facilmente observável como um arco de estrelas atravessando o céu —. Constelações como Órion, o Cruzeiro do Sul, Escorpião e outros corpos celestes, que fora dos grandes grandes centros urbanos, tornam-se visíveis à olho nu também chamam a atenção de quem visita a região.
A fama do céu da Chapada também tem sido reforçada por nomes consagrados da astrofotografia. Um exemplo é o fotógrafo brasiliense Márcio Cabral, premiado internacionalmente no concurso World Nature Photography Awards com imagens do chuveirinho capturadas na região. O “chuveirinho” é uma planta típica do Cerrado, que em determinadas condições de luz — especialmente no entardecer — parece brilhar diante das câmeras.
Além da beleza natural, há um certo mistério no ar. “Aqui o céu… ele é tipo místico, né? A cidade é mística. Então o pessoal fala que o céu da Chapada é um céu totalmente diferente dos outros lugares.”
