Apesar das ameaças do desmatamento, mudanças climáticas e incêndios, o cerrado goiano guarda formações geológicas raras conhecidas como chaminés de fada.
Descobertas na propriedade de Domingos Ferreira da Silva, aos pés da Serra Geral de Goiás, na região do distrito de Pouso Alto, no município de Campos Belos (GO), próximo à divisa com Tocantins e Bahia, as torres de sedimentos impressionam pelo tamanho e pelo cenário que criam, lembrando filmes de ficção científica. A descoberta foi publicada pela Folha de S. Paulo.
As primeiras fotos foram registradas em 2015 por Rodrigo Ferreira da Silva, filho de Domingos, e chegaram à geóloga Joana Paula Sanchez, da UFG, em 2022. “Embora pequenas chaminés existam em outros lugares, formações desse porte e espalhadas por uma área extensa são raras no mundo”, afirma Sanchez. No nordeste goiano, algumas torres chegam a três metros de altura, cercadas por miniaturas que brotam do solo, fenômeno resultado da erosão diferencial.
A região, formada há mais de 400 milhões de anos, faz parte de um extenso paredão que atravessa o centro do Brasil, ligando Maranhão, Tocantins e Bahia. Pesquisadores visitaram o local com apoio do ICMBio e da comunidade, que o batizou de “Vale de Marte”. O espaço ainda está em estudo e é alvo de processo de criação de unidade de conservação, reforçando a urgência da preservação diante de incêndios, ventos fortes e impactos de grandes fazendas nas bacias hídricas da região.
No céu do cerrado, a Via Láctea completa o cenário, lembrando que, em tempos de exploração espacial, outros mundos podem ser encontrados bem em Goiás.