O bloqueio nas rodovias coordenado por grupos insatisfeitos com o resultado das eleições do último domingo impediu que um coração captado de um jovem que morreu no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) chegasse a uma pessoa que aguarda transplante cardíaco na capital paulista.
Um jovem de 21 anos não resistiu após um traumatismo crânio-encefálico e sua família autorizou a doação de seus órgãos. Cinco pessoas, do Distrito Federal e de Goiás, foram beneficiadas.
Segundo informações obtidas junto ao Hugo, fígado, coração, rins e córneas de E.J.P.V. foram captadas na noite desta quarta-feira (02). Atendendo os protocolos do Sistema Nacional de Transplantes, que direciona os órgãos para os pacientes cadastrados na fila nacional, o fígado foi enviado para o Distrito Federal, rins e córneas ficaram em Goiás e o coração seria enviado para um paciente que aguardava em São Paulo. Por causa dos bloqueios, a equipe de captação não conseguiu chegar ao aeroporto na capital paulista para buscar o órgão em Goiânia.
Quando um coração é captado, é preciso muita agilidade para ele chegar ao destino a tempo de realizar o transplante. Apenas apenas quatro horas separam a morte da vida. Essa logística precisa ser cumprida à risca para que a cirurgia tenha eficácia. No caso do pulmão, o prazo é de no máximo seis horas; o pâncreas e o fígado em 12 horas; e o rim em até 36 horas. Somente as córneas que podem esperar um pouco mais, até 14 dias, antes de serem transplantadas.
Gerente da Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Katiuscia Christiane Freitas explicou que foi tentada a transferência do coração para receptores do Distrito Federal, um destino mais próximo de Goiânia, mas não foi encontrado receptor compatível.