A Aclara pretende iniciar, no primeiro trimestre de 2026, a implantação do seu projeto Carina, localizado em Nova Roma, Goiás, para produzir concentrado de terras raras pesadas. A expectativa da empresa é obter a Licença Prévia até o final de 2025, de acordo com José Augusto Palma, vice-presidente executivo da companhia, para logo na sequência requerer a Licença de Instalação e solicitar uma autorização para iniciar as obras preliminares. “Isto nos permite preparar os acessos, o acampamento, para quando a LI for concedida podermos executar com maior velocidade a construção”, diz Murilo Nagato, Country Manager da Aclara no Brasil.
A construção propriamente dita, segundo ele, deve ser iniciada em 2027, prevendo-se sua conclusão das obras e início de operação em 2028. A expectativa é que o empreendimento, que demanda um investimento da ordem de US$ 600 milhões, opere por um período de pelo menos 22 anos.
Recentemente a empresa instalou, em Aparecida de Goiânia, uma planta piloto que estava operando no Chile, para processamento da argila iônica extraída do depósito de Carina, obtendo carbonato de terras raras, com 95% de pureza. Para a instalação da planta em Goiás a empresa investiu R$ 30 milhões, segundo Palma. O objetivo com a planta piloto, que tem capacidade para processar 250 toneladas de argilas iônicas, é verificar a compatibilidade do processo com as argilas iônicas do depósito Carina, além dos objetivos técnicos e operacionais. A tecnologia de processamento, que é patenteada pela Aclara, denomina-se coleta mineral circular.
Outro propósito da planta é poder servir de vitrine para a comunidade de Goiás, principalmente de Nova Roma, que o processo é limpo e amigável do ponto de vista ambiental, de acordo com José Augusto Palma. “Nosso objetivo é que a planta piloto funcione como um verdadeiro showroom, um espaço para receber comunidades locais, instituições de ensino, universidades, escolas, onde desempenhamos um papel transformador de conhecimento no envolvimento de um meio acadêmico que é fundamental para a sociedade”, diz ele.
Palma salienta que há vários fatores que diferenciam a Aclara de outras empresas que atuam no segmento de terras raras, começando pela qualidade do projeto Carina. “É um projeto realmente de classe mundial, geologicamente quase idêntico ao que se encontra na China, e com teores importantes de terras raras pesadas. Outros projetos têm mais terras raras leves. Outro fator é a nossa estratégia de integração vertical. Nós evoluímos e não queremos ser somente uma empresa mineradora. Queremos ser uma empresa de tecnologia que tem uma grande vantagem competitiva e que é dono de seu próprio jazimento. Há outras empresas no mundo que estão fazendo separação, mas eles têm que comprar o concentrado de outros. Em nosso caso, vamos ter a produção da matéria-prima, o concentrado, que podemos separar. E depois a terceira etapa, que é produzir as ligas metálicas com as terras raras para, através de parcerias estratégicas, poder produzir os ímãs permanentes. Este seria o segundo elemento diferenciador. E o terceiro fator diferenciador é o fato de que nós somos uma empresa que, por seus acionistas, tem longevidade e visão de longo prazo”. O grupo Hochschild, que é o dono de aproximadamente 60% da Aclara, é uma empresa industrial, mineradora, que tem mais de 100 anos de operação na América Latina. E o outro grande acionista é o grupo CAP, do Chile, que tem 10% e que também é uma empresa que está há 70 anos no mercado, tanto na área industrial, como na de mineração. “Então, temos dois acionistas que estão pensando em criar uma nova indústria a longo prazo. Há outros modelos de negócio muito válidos, mas que são diferentes, porque atuam para encontrar um projeto, desenvolver um pouco e vender. Nós não somos assim. Somos jogadores a longo prazo. E estamos tomando decisões estratégicas que nos posicionam para poder fazer interação vertical, capitalização, e isso é o que realmente nos diferencia” afirma o dirigente.
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