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Conheça as cavernas do Parque Estadual Terra Ronca

No extremo nordeste de Goiás, na zona rural de São Domingos e Guarani de Goiás, o Parque Estadual de Terra Ronca é um dos cenários mais impactantes do Brasil.

Talvez seja por isso que ‘seu’ Ramiro observa cada detalhe sem pressa, antes de entrar numa das cavernas que brotam no quintal de casa.

Ramiro Hilário dos Santos, que começou a explorar aquelas cavernas ainda na infância, é uma espécie de guardião desse que é considerado um dos conjuntos espeleológicos mais importantes da América do Sul, uma região de mais de 600 milhões de anos com cerca de 300 cavernas, no Parque Estadual de Terra Ronca (PETeR).

Aliás, foi ali que esse “homem das cavernas” foi batizado, há mais de 60 ano, casou-se em 1980 e batizou seus filhos.

As cavernas de Terra Ronca

São tantas e ainda tão desconhecidas que tem caverna que está sendo mapeada desde 1973.

Com 16.390 metros de extensão, a Lapa de São Vicente está entre as maiores cavernas do Brasil, segundo o Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil criado pela SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia). É ali que os mais aventureiros encontram 12 cachoeiras em seu interior, onde dá até para fazer rapel em um paredão de 40 metros de altura.

Porém, o geógrafo Márcio Cabral avisa que, apesar de ser uma das mais surpreendentes da região, a São Vicente é também a mais perigosa e se encontra fechada para turistas, devido à grande quantidade de cachoeiras em seu interior e que só podem ser acessadas por rapel.

Já a Terra Ronca é a mais famosa da região (e com acesso mais fácil para visitantes), uma formação com entrada por uma boca de 96 metros de altura e 120 de largura. Essa caverna atravessada pelo rio Lapa impressiona pelos salões imponentes, decorados com estalactites e estalagmites.

Com acesso por uma depressão formada pela infiltração de água ou pelo desmoronamento do teto de uma caverna, fenômeno conhecido como dolina, o sistema de três cavernas da São Bernardo fica a 8 km dali e é outra parada obrigatória, cujas extensões passam de quatro quilômetros.

São Bernardo II tem dois quilômetros e é endereço natural de salões impactantes como o das Pérolas, com pedras brancas arredondadas. Prepare-se para caminhar em rio com água gelada na altura do peito e andar sobre terreno rochoso.

Lapa da Angélica (foto: Eduardo Vessoni)

Já a Lapa da Angélica tem 14.100 metros de extensão e, de acordo com a SBE, está entre as 10 maiores do Brasil.

Entre os destaques dessa formação de fácil acesso estão o Salão das Cortinas, com seus paredões com colunas de calcita que se formam com o encontro de estalactites e estalagmites, e o Salão dos Espelhos, com um lago interior sob um teto baixo.

A São Mateus, por outro lado, é a preferida não só do também fotógrafo Márcio Cabral, que já esteve acampado em seu interior por dois dias, mas de ‘seu’ Ramiro, que conta para a reportagem que lá “tem tudo que precisa”, de colunas a cortinas, de estalactites a estalagmites, só para lembrar alguns tipos de formações no interior da caverna.

Com 25 quilômetros de extensão, como lembra Márcio, esse conjunto de três cavernas abriga helictites, uma das mais raras do Brasil, uma formação em L que se desenvolve para os lados, desafiando a gravidade.

“A entrada dela é do tamanho de uma boca de esgoto e você não dá nada por ela quando começa a entrar. Mas quanto mais você vai entrando, mais linda vai ficando” conta Márcio, que já ficou acampado lá dentro por dois (claustrofóbicos) dias para poder explorar os salões mais distantes.

“Na São Mateus, você escuta um barulho de gota de água a 50 metros de distância”, descreve.

Fonte: Viagem em Pauta

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