Uma equipe da TV Serra Dourada, afiliada do SBT em Goiás, denunciou que foi agredida e quase atropelada por uma mulher durante uma reportagem sobre maus-tratos a animais em um abrigo de Goiânia. Um vídeo mostra o momento em que a protetora responsável pelo local quase atropela a repórter Esthéfany Araújo, o cinegrafista Maico Paranhos e a entrevistada.
“Meu cinegrafista falou para eu correr para dentro do carro. Nesse momento, ela começou a bater nele, e eu, o tempo todo, gritando: ‘Moça, para com isso, fala com a gente’. Ela veio para cima de mim, e a entrevistada estava na frente”, contou a repórter.
“Eu tentei me defender e gravar o que ela estava fazendo. Ela jogou o carro em cima de nós, e eu tirei a câmera para o lado. Foi quando atingiu a perna [da repórter] e a entrevistada. Eu pedi para elas correrem, e a moradora veio para cima de mim, me dando tapas”, descreveu Maico.
Mônica Raquel, a protetora do abrigo, admitiu que bateu na entrevistada, mas alegou que não agrediu a repórter. Apesar das imagens mostrarem que a equipe estava ao lado de fora do abrigo, Mônica argumentou que a equipe estava filmando o local sem autorização.
A agressão foi filmada pelo cinegrafista e pela entrevistada nesta quarta-feira (14) e denunciada à polícia. O vídeo também mostra a moradora puxando o cabelo e dando tapas na entrevistada, enquanto um advogado tenta intervir. Esthéfany Araújo disse que correu para o carro da reportagem com medo de ser atingida na barriga, pois está grávida.
“Atingiu minha perna esquerda. Na hora, eu não senti muito, mas agora estou com dores ao andar. Eu estava de costas, e ainda bem, porque meu medo era que atingisse minha barriga”, desabafou a repórter.
Sobre a tentativa de atropelamento denunciada pela equipe, Mônica Raquel afirmou que tentou entrar, mas o cinegrafista não permitiu. Quando se aproximou, ele saiu e afastou a câmera.
Esthéfany Araújo explicou que a equipe recebeu a denúncia de que os animais estavam em situação insalubre e foi ao local para fazer uma reportagem. A repórter explicou que o objetivo era mostrar os problemas do abrigo, apontando que a protetora não estava conseguindo cuidar sozinha do local, e não a acusando diretamente.
“A gente foi para mostrar que havia problemas como animais acorrentados, se alimentando de fezes e morrendo, mas íamos falar com ela para que ela pudesse fazer um apelo, dizer que precisava de ajuda”, explicou a repórter.
Ela também disse que não entrou no local e que iam chamar a mulher para gravar, caso ela tivesse interesse. “Não fomos para atacá-la. Ela não estava no local, alguém deve ter avisado, e ela chegou com tudo, jogando o carro em cima da gente, e depois começou toda essa confusão”, detalhou a repórter.
Repúdio
Em nota, a TV Serra Dourada repudiou a agressão contra a equipe de reportagem e disse que inadmissível que em uma sociedade democrática e livre, onde a imprensa desempenha papel fundamental na divulgação de informações, profissionais de comunicação sejam alvos de violência e intimidação.
“A agressão não apenas fere a integridade física dos envolvidos, mas também ataca o direito constitucional à liberdade de imprensa e de expressão, pilares essenciais para a manutenção de uma sociedade justa e igualitária”, lamentou a emissora.
Veja nota completa abaixo:
A TV Serra Dourada vem a público manifestar seu total repúdio ao ato de agressão ocorrido hoje, contra a equipe de reportagem da Esthéfany Araújo e o Maico Paranhos durante o exercício de suas funções.
É inadmissível que em uma sociedade democrática e livre, onde a imprensa desempenha papel fundamental na divulgação de informações, profissionais de comunicação sejam alvos de violência e intimidação. A agressão não apenas fere a integridade física dos envolvidos, mas também ataca o direito constitucional à liberdade de imprensa e de expressão, pilares essenciais para a manutenção de uma sociedade justa e igualitária.
A TV Serra Dourada expressa sua solidariedade aos profissionais Esthéfany Araújo e o Maico Paranhos e reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa. Exigimos que as autoridades competentes conduzam uma investigação rigorosa e rápida para que a responsável por este ato covarde seja punida com todo o rigor da lei.
A violência contra jornalistas é um ataque a toda a sociedade e não deve, sob nenhuma circunstância, ser tolerada. Permaneceremos vigilantes e atuantes em defesa dos direitos dos profissionais de comunicação, para que possam exercer seu trabalho com segurança e dignidade.
Fonte: G1
