A história da mineração em Goiás sempre esteve entrelaçada com o desenvolvimento do estado. Desde o período colonial, quando a busca pelo ouro impulsionou os primeiros núcleos urbanos, a atividade mineral foi um dos pilares da economia local. Agora, Goiás inicia um novo e promissor capítulo dessa trajetória: a era das terras raras, minerais estratégicos para o futuro da economia global.
Essenciais para a produção de tecnologias modernas e sustentáveis, as terras raras estão presentes em turbinas eólicas, baterias de carros elétricos, painéis solares, sistemas de mísseis, radares e equipamentos eletrônicos utilizados no cotidiano. Em um mundo cada vez mais orientado pela transição energética e pela inovação tecnológica, esses elementos se tornaram verdadeiras peças-chave do progresso industrial e geopolítico.
A China percebeu essa tendência décadas atrás e hoje lidera todas as etapas da cadeia produtiva das terras raras, da mineração ao refino e à fabricação de tecnologias baseadas nesses elementos. Enquanto isso, o Brasil, que detém cerca de 23% das reservas mundiais conhecidas, surge como um dos países mais promissores para a formação de uma nova rota global de fornecimento. Nesse contexto, Goiás desponta como um dos principais polos de desenvolvimento do setor.
O estado abriga atualmente a única planta em operação no Brasil, localizada em Minaçu. Além disso, Goiás é sede de um dos projetos mais promissores da América Latina, o Projeto Carina, que iniciou recentemente a construção de uma planta-piloto em Aparecida de Goiânia. Essa estrutura servirá de base para uma futura unidade industrial no município de Nova Roma, prevista para entrar em operação ainda em 2025.
Com um investimento de R$ 2,8 bilhões e a expectativa de gerar 5,7 mil empregos diretos e indiretos, o Projeto Carina reforça o protagonismo de Goiás no setor mineral. Para garantir a viabilidade desses empreendimentos, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), tem atuado de forma estratégica, investindo em planejamento, infraestrutura e políticas públicas voltadas ao crescimento sustentável da mineração.
Uma das principais iniciativas nessa direção é o Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM-GO 2022/2042), criado para garantir o desenvolvimento ordenado do setor ao longo das próximas duas décadas. O governo estadual também tem buscado atrair empresas especializadas e tecnologia de ponta, com destaque para missões internacionais, como as realizadas na China, que visam fomentar parcerias estratégicas e ampliar a presença de Goiás na cadeia global das terras raras.
Além de fomentar a extração, a gestão estadual tem se empenhado para que o beneficiamento desses minerais ocorra em solo goiano. A meta é clara: agregar valor à produção local, evitar a simples exportação de matéria-prima e ampliar a geração de empregos qualificados, estimular a inovação e aumentar a arrecadação nos municípios mineradores.
A conjuntura internacional também favorece essa estratégia. Em um cenário marcado por tensões geopolíticas e comerciais entre grandes potências, a criação de cadeias produtivas resilientes e ambientalmente responsáveis se tornou prioridade. Goiás, com seus recursos minerais e estrutura em expansão, posiciona-se como um fornecedor confiável e estratégico nesse novo tabuleiro global.
Diante desse cenário, o estado reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, com a atração de investimentos e com a consolidação de uma política mineral moderna e competitiva. A nova era da mineração já começou e Goiás quer não apenas fazer parte dela, mas liderá-la.