A Polícia Civil concluiu, na última sexta-feira (04/11), inquérito policial que investigava o homicídio de um homem, ocorrido no mês de março deste ano, encontrado às margens do Rio Corrente, município de Alvorada do Norte, no nordeste goiano.
Durante as investigações, foi apurado que a vítima se tratava de pessoa usuária de drogas, de 37 anos, vivendo em situação de extrema vulnerabilidade. Em nome da vítima foi realizada a compra de uma carta de crédito, sendo pago o ágio no valor de aproximadamente R$ 200 mil, bem como foram feitos dois seguros de vida em nome dela.
Os policiais civis descobriram que um homem se passava por advogado e estava utilizando a conta bancária da vítima para movimentar valores. Em um dos seguros de vida feitos em nome da vítima, o indivíduo em questão era beneficiário do seguro.
Posteriormente, durante a realização de oitivas de familiares da vítima, descobriu-se que o indivíduo que se passava por advogado esteve junto com um primo, este advogado inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na casa da genitora da vítima.
Na ocasião, fizeram intensa pressão psicológica sobre a mãe da vítima, pessoa idosa e analfabeta, para que ela outorgasse procuração pública para que os indivíduos ingressassem com ações judiciais para receberem os valores referentes à carta de crédito e também dos seguros de vida. O advogado, na ocasião, se apresentou como delegado de polícia com intuito de coagir a mãe da vítima.
Após, o advogado assinou a procuração a rogo, vez que a outorgante era pessoa analfabeta. Posteriormente outro advogado, também primo dos autores, ingressou com duas ações judiciais pleiteando os recebimentos dos valores da carta de crédito e dos seguros de vida feito em nome da vítima.
Com o andar das investigações foi constatado o envolvimento de uma mulher no delito. Ela afirma ter sido informada sobre a morte da vítima em março, que pescadores acharam o corpo e reconheceram a vítima como sendo seu amigo e assim lhe informaram sobre o óbito. Não obstante, a vítima foi encontrada às margens do Rio Corrente, estava em estado avançado de decomposição, não sendo possível que fosse feito o reconhecimento facial conforme relatado pela autora.
Foram realizadas diversas diligências que concluíram que todos os envolvidos já mantinham relações: o falso advogado e um dos advogados já atuaram como patronos da autora em outras ocasiões e mantinham relação de amizade. Os envolvidos também atuaram como advogado da vítima em outros momentos. A vítima prestava serviços como pedreiro na casa da autora e recebia como parte de pagamento substâncias ilícitas, conforme depoimento prestado por uma testemunha.
Foi realizada, no dia 20 de setembro deste ano, a prisão temporária de um dos advogados, do indivíduo que se passava por advogado e da autora. O outro advogado encontra-se foragido. Na residência da autora, foram localizados diversos pinos com cocaína, milhares de embalagens para acondicionamento de drogas prontas para uso, valores em espécies, máquina de cartão de crédito, duas pistolas 9mm e diversas munições de mesmo calibre. No veículo do advogado, onde estava também o falso advogado, foi encontrada uma pistola 9mm municiada.
Em análise ao extrato bancário da vítima, constatou-se intensa movimentação de valores entre os envolvidos, como também se comprovou a compra da referida carta de crédito e dos seguros de vida. Os envolvidos foram indiciados pelos crimes de associação criminosa, homicídio qualificado, tentativa de estelionato e porte ilegal de arma de fogo. Com a finalização do inquérito policial, o procedimento foi enviado ao Poder Judiciário e ontem (08/11), o Ministério Público ofereceu denúncia criminal em desfavor dos autores.
Fonte: PCGO