InícioNotíciasPrefeitura de Alto Paraíso de Goiás nega surto de leishmaniose na região

Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás nega surto de leishmaniose na região

Após moradores do Distrito Federal relatarem que contraíram leishmaniose depois de viagens para a Chapada dos Veadeiros e outras regiões de Goiás, a Prefeitura Municipal de Alto Paraíso de Goiás (GO) afirmou, por meio de nota, que não há surto da doença.

Dados do Hospital Universitário de Brasília (HUB) sugeriram um aumento qualitativo de casos na região. Contudo, o centro de saúde ressaltou não ter informações suficientes para que esse salto configurasse uma epidemia.

Segundo o HUB, o aumento de casos humanos está relacionado ao crescimento do contato com os vetores, seja pelo desmatamento para consolidação das áreas rurais de produção agrícola, seja pelo crescimento de cidades. De janeiro de 2020 a 8 de dezembro de 2021, o hospital universitário realizou mais de mil atendimentos em decorrência da doença.

A Secretaria de Saúde do Alto Paraíso reafirmou parte do que o HUB já havia dito à reportagem e garantiu que não há indícios de surto.

“Não existem indícios de surto de leishmaniose tegumentar americana (LTA) no munícipio”. De acordo com a publicação, em 2021, foram notificados 13 casos na cidade, uma redução “importante” em relação a 2020 (23 casos) e 2019 (40 casos).

Segundo a pasta, o tempo de incubação da leshimaniose (tempo entre o contágio e a manifestação da doença) é em média de 2 a 3 meses, dificultando assim a determinação do local de contaminação, em especial de turistas.

No humano, o sintoma da doença são as lesões cutâneas (na maioria das vezes) apresenta-se como uma lesão ulcerada única e caracteriza-se por bordas elevadas em moldura. Caso apresente ferida que não cicatrize dentro de 15 dias procurar assistência médica. O diagnóstico e o tratamento são realizados pelo serviço de saúde municipal.

Turismo local

Após a publicação dos relatos, empresários e donos de pousada locais reclamaram que muitos turistas cancelaram as reservas em várias hospedagens da região. “Isso tá prejudicando demais nosso turismo lá. Vários casais ligaram cancelando as reservas. Tive que devolver o dinheiro”, reclama Giovani Tokarski, 74 anos, dona da pousada Cristal da Terra da Vila de São Jorge (GO).

Para a empresária os casos são esporádicos. “Há 17 anos, vou para lá três vezes por mês. E nem eu, nem meus 11 funcionários que moram lá tivemos leishmaniose”, defende.

Relembre os casos

A consultora administrativa Renata*, 33 anos, e o marido viajaram para a Chapada dos Veadeiros em setembro deste ano. O casal, que mora no Cruzeiro, optou por um camping a fim de evitar aglomerações em pousadas. Depois de duas semanas da viagem, já em Brasília, o homem percebeu uma ferida que se espalhava pelo corpo. Eles foram a vários hospitais até que veio a hipótese de leishmaniose.

“Nós ficamos peregrinando por mais de um mês para descobrir o que era, porque todo médico que a gente ia não conseguia identificar o que o meu marido tinha”, relembra Renata. Uma biópsia confirmou a doença e, então, o casal procurou tratamento no HUB.

“A gente viajaria dia 14 agora, de férias. Não vamos mais, porque temos de fazer esse tratamento. Ele tem de tomar medicação por mais de 20 dias direto”, lamenta a consultora administrativa. Segundo a moradora do Cruzeiro, o remédio usado no tratamento é forte e provocou dores de cabeça e enjoos ao marido.

Outra turista que teve de procurar atendimento para a leishmaniose no HUB é a funcionária pública Luana*. No caso, a filha é a paciente alvo das aplicações do antiparasitário. Recentemente, a menina também viajou para a Chapada dos Veadeiros.

“A minha filha ficou meio deprimida e meio cansada, mas agora ela já tá levando bem. Ela tem que tomar duas ampolas da medicação todos os dias”, pontua.

Ocorrências trazidas para o DF

De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES), que contabilizou os casos ocorridos até setembro de 2021, Goiás é considerado o principal estado de origem de leishmaniose nos hospitais do DF. Neste ano, a unidade federativa seria o provável local de infecção para 20 ocorrências, enquanto o Distrito Federal, quatro. Apesar disso, os números não indicam surto. Até setembro foram registrados apenas 53 ocorrências no Planalto Central.

Segundo a pasta local, o crescimento de casos de leishmaniose ocorre geralmente pelo aumento do aquecimento global, crescimento populacional desordenado e desmatamento. Sendo assim, a prevenção da doença, pode ser feita por meio de medidas individuais de proteção contra o mosquito transmissor e ações de preservação do meio ambiente e controle do crescimento urbano desordenado.

A pasta recomenda ainda usar roupas compridas, aplicar repelentes em áreas de pele exposta, dormir em casas protegidas com telas e mosquiteiros. É indicado também que os residentes do DF não fiquem desprotegidos nas atividades em matas e beira de rios, especialmente à noite.

Fonte: Metrópoles

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