A professora de um colégio municipal de Posse, no nordeste de Goiás, que foi filmada durante uma aula falando para estudantes que ser homossexual é impuro, foi indiciada pela Polícia Civil. De acordo com o delegado Joaquim Adorno, Maria Elizete Anjos foi indiciada pelo crime de racismo por homofobia.
“Concluímos que a fala [feita por ela] induz o preconceito e o ódio à comunidade LGBTQIA+. É um discurso de ódio”, disse o delegado.
O caso foi investigado pelo Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância e o inquérito foi concluído no último dia 29 de novembro.
A reportagem entrou em contato com Maria Elizete para um posicionamento sobre o indiciamento, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
O delegado ainda explicou que, com a investigação, foi possível perceber que esse tipo de fala era “recorrente” no cotidiano da professora.
Não foi uma ofensa individual, foi uma ofensa à comunidade. Com a investigação ficou claro que esse era o discurso dela, que isso era uma fala recorrente”, complementou.
Na época em que a gravação feita na escola municipal de Posse foi compartilhada nas redes sociais, a professora declarou que não agiu de maneira preconceituosa.
Preconceito em escola
A gravação aconteceu no dia 11 de agosto deste ano, durante uma aula de inglês para alunos do 1º ano do ensino médio. No vídeo, a professora aparece dizendo que muitas vezes os adolescentes estão confusos com relação à sexualidade devido a hormônios, mas que relacionamento entre pessoas do mesmo sexo é errado.
“Se você é homem, foi feito para mulher e mulher para o homem. E o que foge disso é impuro”, disse a professora.
“Olha no espelho, tira a roupa. Olha no espelho, você é mulher. E mulher fica com homem. A opinião de Maria Elizete. Qual a opinião de um homem ficar com homem e mulher ficar com mulher? Qual o problema? Todos os problemas!”, complementou a professora.
No vídeo, Maria Elizete ainda afirma que, caso quisessem chamá-la de homofóbica, que poderiam chamar. Em nota, a professora também disse que “não são verdadeiros os supostos comentários homofóbicos atribuídos a mim” e que que sempre lutou e prezou para que todos mereçam respeito, seja pela suas condições, palavras e pensamentos.
“No caso concreto ao se analisar atentamente todo o contexto e os diálogos, em momento algum quis constranger ou macular qualquer pessoa, gênero ou grupo de pessoas. Ainda que eventualmente possa ter escolhido mal algumas palavras, em momento algum estas se amoldam ao reprovável conceito de homofobia”, afirmou.
Maria Elizete ainda pediu desculpas pela situação: “Transmito meus sinceros pedidos de desculpa a quem tenha se ofendido, e me mantenho sempre a disposição para o diálogo e ao debate crítico e honesto”, disse.
Na época, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Posse disse que tomou conhecimento dos vídeos gravados, que investigava o caso e que não compactua com manifestações de preconceito.
“A Secretaria Municipal de Educação e Cultura não compactua com quaisquer manifestações de preconceito ou discriminação decorrente da orientação sexual, raça, credo, origem étnica, posicionamento político ou grupo social”, disse a nota do órgão.
Fonte: G1