Educação, masculinidade e racismo foram temas discutidos na roda de conversa realizada nesta quarta-feira (28), em Monte Alegre de Goiás, com homens daquele município. A ação faz parte da segunda edição do Programa Justiça Itinerante do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) promovida na Região Nordeste do Estado, e que teve início em Teresina de Goiás na segunda-feira (26). Até sexta-feira (30), são realizados diversos serviços, entre eles, audiências, roda de conversa e emissão de documentos e registros.
Os trabalhos desta quarta-feira (28) foram conduzidos pela juíza e integrante do Comitê de Igualdade Racial do TJGO, Érika Barbosa Gomes Cavalcante, e pelo juiz Gabriel Lisboa da Silva Dias Ferreira, membro do Comitê de Equidade e Diversidade de Gênero do TJGO.
Para a juíza Érika Barbosa, o objetivo da iniciativa é sensibilizar os participantes sobre a importância dos temas abordados, trocar experiências e vivências, além de reduzir barreiras, fornecendo um espaço para reflexão crítica sobre os temas na sociedade. “Aqui, todos nós aprendemos. Ontem, estivemos em Teresina de Goiás e hoje estamos aqui com vocês”, complementou.
O juiz Gabriel Lisboa disse que a realidade da região é peculiar, mas que o esforço e a busca por algo melhor vale a pena e abre horizontes para os moradores.
Dia a dia
A roda de conversa começou com a apresentação dos participantes e abordagem de cada tema. Em seguida, os participantes Tarcio Henrique Lima, de 34 anos; Marcos Vinícius Moreira, de 26; Eduardo Santana dos Santos, 26; Hudson Fernandes Nolasco, de 25 e Édson Gonçalves de Jesus, 35 anos, relataram suas rotinas e o dia a dia de cada um.
“Cuido da minha avó que tem esquizofrenia, trabalho e cuido de casa. Eu desisti de estudar. Aqui é muito corrido e nossa realidade é difícil”, contou Tarcio Lima. “Nossa população aqui é de baixa renda, então muitos escolhem trabalhar para sobreviver”, relatou Édson de Jesus.
“Vocês são símbolos de resistência. Aqui tem um grupo seleto que pode fazer a diferença na vida de outras pessoas. Se nós estamos aqui é porque vocês são resistentes. Peço que vocês nunca desistam e se espelhem em outras pessoas”, disse a promotora Úrsula Fernandes.
Troca de experiências e oportunidades
De forma on-line, o presidente da Associação Quilombo Kalunga (AQK), Carlos Pereira, também participou da roda de conversa. Ele parabenizou a iniciativa do TJGO pela ação e disse que o momento é uma oportunidade única para o debate de temas tão relevantes e atuais para a sociedade. Além disso, ele lembrou que participou na roda de conversa em Teresina de Goiás e que foi, segundo ele, positiva. “Às vezes o que precisamos é que nos escutem. Assim, há troca de experiências e oportunidades. Os jovens que estão na comunidade e que precisam plantar roça, cuidar do quintal, não têm condições de concorrer com aquele que lê o dia todo”, comparou, ao contar um pouco da realidade do povo Kalunga.
Também participaram da roda de conversa os servidores do TJGO Luciano Augusto e Cecília Araújo, que fazem parte do Comitê de Igualdade Racial, como também Carlos Magalhães e Mara Cristina, integrantes da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJGO.
Parceiros
O Programa Justiça Itinerante do TJGO, que faz parte da Meta 9 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), “estimular a inovação no Poder Judiciário (todos os segmentos)”, é feito com a participação colaborativa de diversos parceiros, como a Justiça Federal, Ministério Público, as Defensorias Públicas do Estado e da União, Governo do Estado de Goiás, Tribunal Regional Eleitoral, Polícia Civil, Instituto Nacional do Seguro Social e as prefeituras de Teresina de Goiás e Monte Alegre de Goiás.
Fonte: TJGO