Mais de 40 mil recenseadores contratados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reclamam de atrasos no pagamento da ajuda de custo do treinamento para o Censo 2022. Em Goiás, um trabalhador alegou que a demora fez colegas desistirem das funções e que a falta de informação, na visão dele, demonstra uma negligência com o censo demográfico.
O treinamento dos recenseadores ocorreu entre os dias 18 e 22 de julho e, conforme edital divulgado no site do órgão, o pagamento de até R$ 200 deveria ter sido feito no último dia do curso. O próprio IBGE assumiu nas redes sociais que há um atraso no pagamento da ajuda de custo para mais de 44 mil trabalhadores, o órgão não detalhou o estado desses funcionários.
Trabalhando pela primeira vez no censo demográfico, o recenseador em Aparecida de Goiânia, Neiffy Bruno, de 27 anos, está com o pagamento atrasado e descreve essa situação como uma falta de planejamento. “O censo é feito a cada 10 anos e está atrasado há dois, a percepção que eu tenho é que nesses 12 anos eles não fizeram o planejamento do censo”, afirmou.
Neiffy relata que buscou informações com os supervisores dele, mas que os mesmos não sabem esclarecer as dúvidas e afirmam que a questão do pagamento é feita pelo IBGE central, localizado no Rio de Janeiro. “A gente fica cego e não sabe para onde correr, é um despreparo total”, descreve. Segundo ele, o governo está negligenciando o Censo de 2022 e os trabalhadores.
Desistência
O recenseador revela que a situação tem desanimado os trabalhadores e que alguns colegas do treinamento desistiram dos cargos. “Tem a questão da gente estar precisando do dinheiro e que o serviço não é feito com qualidade. Muita gente já desistiu, pessoas que começaram a trabalhar e desistiram afirmando que o censo não vai para frente. Só que eu conheço foram sete”, destacou.
Além do atraso no pagamento, os recenseadores denunciam que estão sofrendo agressões verbais de moradores e muitas recusas para participar do Censo 2022. Os trabalhadores informam que antes de iniciar a coleta censitária, passaram nas residências deixando bilhetes explicativos sobre o censo demográfico, mas ainda assim sofrem ameaças.
Posicionamento
Através de uma comunicado, o IBGE se desculpou com os recenseadores e alegou que o atraso é resultado do volume de dados que foram enviados. Além disso, informou que após o cadastramento dos trabalhadores o pagamento será regularizado. “O orçamento do Censo está garantido e [o IBGE] segue trabalhando para regularizar todos os compromissos administrativos”, publicou.
A reportagem também procurou a regional do órgão em Goiás e foi informada que todos os dias estão sendo feitos pagamentos para partes desses recenseadores atrasados. Entretanto, não souberam informar o total de pagamentos em atraso e nem quando todos serão solucionados. “Quase todos os casos já foram solucionados aqui”, afirmou a assessoria do IBGE Goiás.
Fonte: O Popular