A ampla casa de 330 m² parece mimetizada na paisagem do cerrado, em uma área próxima ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás (GO). Refúgio de uma família de Brasília, a construção em um terreno isolado, em meio à exuberante natureza, demandou algumas soluções arquitetônicas e de engenharia para sair do papel.
“Como o local é preservado, optamos por um sistema construtivo leve, sem a produção de resíduos inerente a obras de concreto e alvenaria, sem interferências no solo, impermeabilizações ou terraplanagens”, conta o arquiteto Bruno Ferreira Alvarenga, do escritório Simbiose Arquitetura Viva (@simbiose.arq), responsável pelo projeto.
Para tanto, ele optou por erguer a casa em uma estrutura elevada, que, além de evitar interferências no terreno da área de delicado ecossistema, ainda gerou melhor ventilação, isolamento em relação à umidade do solo, facilidade de manutenção das instalações hidrossanitárias e maior proteção contra animais silvestres.
O início da construção, na temporada de chuvas do cerrado, também impôs um grande desafio ao projeto. “O local tem um acesso complicado, com subidas e atoleiros em um trecho de 10 km de estrada de terra. Por isso, toda a logística precisou ser muito bem pensada para viabilizar a execução e reduzir os impactos do canteiro de obras”, destaca o profissional.
O cimento foi usado somente na piscina e nas sapatas de fundação da edificação. Uma estrutura metálica pré-fabricada em Brasília fez toda a parte de sustentação da casa. “Não era viável nem inteligente trabalhar com entregas de areia, britas e materiais pesados. Também não queríamos tijolos, concreto e entulho, então usamos lajes secas em painel wall, paredes de drywall e algumas de taipa de pilão com barro local”, explica Bruno.
A escolha dos materiais e da paleta de tons foi feita pensando em integrar a residência à paisagem da região. “Usamos as cores presentes no cerrado, como o preto das árvores que pegaram fogo, a madeira e a terra local, usada nas paredes”, explica o arquiteto.
Para uma maior conexão com a natureza ao redor, a casa seguiu um conceito linear e foi dividida em volumes separados, interligados por passarelas. Com isso, ela ganhou grandes vãos livres e abertos em toda a sua extensão.
“Criamos um projeto desmembrado, sem corredores ou áreas de circulação fechadas, como uma pousada que recebe amigos e parentes sem que haja muita interferência entre as áreas sociais e íntimas”, diz Bruno.
As suítes foram orientadas para a vista norte com terraços que proporcionam conforto térmico. Já o módulo social, que engloba a cozinha e a sala de estar, recebeu paredes de vidro que se abrem dos dois lados, para aproveitar a ventilação cruzada. “Essa área tem uso flexível e pode ser tanto uma sala aconchegante com lareira em noites frias como uma ampla varanda nos dias de sol”, destaca Bruno.
Fonte: Revista Casa & Jardim
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