Com a redução do orçamento de órgãos oficiais, o trabalho de voluntários tem sido fundamental no combate a incêndios na Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
Uma das brigadas de incêndio é formada por farmacêutico, químico, fotógrafo e outros profissionais. Nenhum deles é funcionário do Instituto Chico Mendes ou do Ibama, mas todos têm curso de manejo do fogo e trabalham de forma voluntária em Alto Paraíso de Goiás, onde fica o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
“Os moradores da Chapada têm uma coisa muito forte, que é esse conceito de coletivo, de as pessoas se ajudarem, se unirem em prol de alguma causa, e, nesse caso, a causa principal é a proteção do Cerrado, do bioma Cerrado”, diz André Dib, brigadista voluntário.
A brigada existe tem cinco anos. No começo, eram 12 voluntários, e agora já são 40 pessoas que se dedicam a esse trabalho. Quando os incêndios fogem do controle dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, a brigada voluntária é chamada para ajudar os órgãos ambientais.
Ajuda cada vez mais essencial diante da redução de investimentos do governo federal. No ano passado, o Instituto Chico Mendes recebeu R$ 120 milhões para prevenção e combate às queimadas. Este ano, R$ 95 milhões. Queda de 20%. Já as contratações de agentes temporários que vão controlar os incêndios caíram 13%.
“Quanto menos verba entra para os órgãos institucionais, mais auxílio eles precisam dos civis, né? Das brigadas. No caso, voluntários”, diz o coordebador da brigada voluntária São Jorge, Alex Gomes.
No Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, 30 brigadistas temporários foram contratados agora. O parque tem 240 mil hectares, ou seja, em tese, cada brigadista fica responsável por apagar o fogo em 8 mil hectares, o equivalente a 8 mil campos de futebol.
A preocupação é maior nesta época do ano, porque agosto é o mês em que aumentam os ventos, as temperaturas ficam acima dos 30ºC, e a umidade do ar cai abaixo dos 20% em muitas regiões do país. Condições que favorecem as queimadas.
O Brasil registrou 22.670 mil focos de incêndio no primeiro semestre deste ano, número acima do registrado no ano passado.
“Os recursos que nós tivemos nos últimos dois anos não foram suficientes. Eles já eram insuficientes e ficaram mais insuficientes ainda. E para quê? Onde foi parar esse recurso? Quando o Brasil não cuida do seu meio ambiente e das pessoas, ele decresce na percepção internacional. Então, o Brasil está num momento de baixa, digamos assim”, diz o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.
O ICMBio declarou que espera uma complementação do orçamento, negociada com os Ministérios do Meio Ambiente e da Economia. E que planeja contratar, até o fim do ano, mais 180 agentes temporários.
Fonte: Jornal Nacional