Close Menu
  • Início
  • Notícias
  • Cidades
  • Brasil
Instagram Facebook TikTok
Instagram Facebook TikTok
Blog Antônio Carlos
  • Início
  • Notícias
  • Cidades
  • Brasil
Blog Antônio Carlos
Início»Notícias»“Área pública não é mercadoria”: morador de Cavalcante-GO denuncia esquema de venda do Parque Lava Pés para grupo empresarial
Notícias

“Área pública não é mercadoria”: morador de Cavalcante-GO denuncia esquema de venda do Parque Lava Pés para grupo empresarial

RedaçãoPor Redação24 de junho de 2025
Compartilhar
WhatsApp Facebook Email Twitter Copy Link

Na luta para preservar um dos maiores símbolos naturais e culturais de Cavalcante, o ecologista Heldney Costa Coelho ergue a voz contra o que chama de tentativa absurda de privatizar o Parque Municipal do Lava Pés. Em entrevista, Heldney, nascido e criado no município, detalhou a história da área e criticou a recente movimentação política que pode entregar o espaço, atualmente protegido por lei, a Evangelino Moreira dos Santos, com vistas a uma possível venda futura ao grupo Majulê, conhecido por empreendimentos de luxo na região da Chapada dos Veadeiros.

Segundo Heldney, a área que hoje forma o Parque sempre foi uma extensão de uso público comunitário. Remontando à década de 1960, ele relembra que o terreno foi originalmente doado pelo Estado ao município para ser um espaço de servidão pública. “Naquela época, Cavalcante tinha três ruas e começava justamente na margem do Lava Pé”, explica. Ele recorda que o local servia como pasto de descanso para animais de viajantes, ciganos e moradores da zona rural, que traziam seus cavalos e burros para pernoitar durante suas passagens pela cidade.

A conexão emocional da comunidade com o Lava Pés vai além da função de pasto. Heldney descreve com detalhes a importância do rio para gerações inteiras. “Eu costumo dizer, assim, em uma linguagem mais poética, que o rio amamentou com seu leite cristalino gerações de Cavalcante”, afirma. Foi naquele córrego que moradores como sua mãe enchiam potes de água, que lavadeiras da Rua da Palha batiam roupa e que os meninos da cidade, como ele próprio, brincavam e tomavam banho em diferentes pontos: o Poção, reservado aos homens, e o Poço das Mulheres, frequentado pelas moradoras.

A indignação de Heldney ganhou força quando, em 1994, durante o mandato do então prefeito José Leite, ele soube que a área estava prestes a ser vendida ao dono de uma mineradora, Eduardo Coimbra Passos. “Dona Darcy, lavadeira da Rua da Palha, me chamou e disse: ‘Dinei, vamos ficar sem o nosso rio’”, lembra.

Sem apoio jurídico ou político, o jovem Heldney liderou a primeira grande manifestação ambiental da cidade, convocando lavadeiras com bacias na cabeça e jovens de tanga e biquíni para simbolizar os banhistas. “Fui de casa em casa, convoquei lavadeiras, estudantes, crianças, todo mundo. Naquela época, a gente não tinha nem advogado, foi na base da coragem e da fé”, relembra.

O movimento resultou na criação, por força de lei, do Passo de Servidão Público e Comunitário, posteriormente transformado em Parque Municipal por decreto assinado, ironicamente, pelo próprio Eduardo Coimbra Passos, anos depois.

“Depois disso, o próprio prefeito que tentou comprar a área acabou reconhecendo seu valor e criou oficialmente o parque”, destaca Heldney.

Heldney Costa Coelho | Foto: Arquivo pessoal

O ecologista não esconde a decepção com o atual prefeito, Vilmar Kalunga (PSB), que, segundo ele, fez uma “doação irregular” da área ao morador Evangelino Moreira dos Santos. Heldney vê na ação uma tentativa velada de viabilizar a venda para o grupo Majulê, responsável por um resort na região com diárias que chegam a R$ 3 mil. “Esse megaempresário que está comprando tudo em Cavalcante, a custo de banana, dono de resort, fez uma proposta pela área”, denuncia Heldney.

O caso gerou intensa mobilização. Um abaixo-assinado organizado pela comunidade já reuniu mais de 250 assinaturas exigindo a anulação da doação. O documento denuncia a possibilidade de instalação de uma estrutura de cobrança de ingresso no local, restringindo o acesso da população. “Área pública não é mercadoria”, reforçam os signatários.

“É um absurdo entregar o Parque Municipal para virar empreendimento de luxo. O Lava Pé é do povo de Cavalcante”, protesta.

Segundo Heldney, muitos cavalcantenses temem que a venda da área seja apenas o primeiro passo para a elitização do acesso aos recursos naturais da região. “A cachoeira do Lava Pés sempre foi de todos. Desde crianças, nossos filhos aprendem a nadar ali. Onde que o cidadão cavalcantense, o cidadão simples, vai poder ir num lugar desse?”, questiona.

A reação popular não é por acaso. Heldney relembra que o Parque passou por um extenso processo de criação, com direito a Plano de Manejo, levantamento de fauna, flora e participação comunitária. “Mobilizou a cidade inteira, teve sala de aula dedicada ao estudo do parque, antropólogos, geólogos, engenheiros de fauna e flora catalogando cada detalhe”, destaca.

Para ele, a tentativa de desmembrar o parque ignora não só a história local, mas também documentos oficiais. O próprio prefeito, segundo Heldney, participou da elaboração do plano de manejo enquanto estudante. “O nome dele está lá, na lista de participantes. Ele sabe exatamente a importância dessa área.”

Heldney também aponta para um suposto jogo político por trás da doação. Segundo ele, os valores envolvidos – estimados em mais de R$ 2 milhões – levantam suspeitas sobre o real objetivo da transação. “Todo mundo sabe que o Evangelino não vai ficar com esse dinheiro. A gente sabe como essas coisas funcionam em época de campanha”, afirma.

As suspeitas sobre a real destinação da área se agravaram após a divulgação de imagens que mostram a construção recente de uma pequena estrutura de alvenaria no local. Segundo Heldney, Evangelino, que passou anos trabalhando em empresas de energia em Alto Paraíso, teria voltado a Cavalcante recentemente e, aproveitando-se da ausência de uso do terreno por seu sogro, o Sr. Divino, ergueu às pressas uma pequena construção no local.

“Ele construiu um barraquinho lá que só tem porta, mostramos isso nos processos do grupo que defendem a área. Nós tiramos as fotos, tem lá, é um barraquinho de dois por três metros, só tem porta, não tem nem janela, dá pra se ver que foi feito agora”, relata Heldney, que completa: “Está claro que isso foi feito às pressas para justificar a doação”, denuncia.

Veja vídeo do local:

Além da construção improvisada, Heldney denuncia que Evangelino, utilizando antigos contatos no setor elétrico, conseguiu instalar energia na estrutura, apesar de um detalhe que chamou atenção da comunidade: a conta de luz permanece zerada. Para o ecologista, isso reforça o argumento de que a ocupação da área não tem caráter legítimo ou histórico. “Prova que ninguém nunca morou ali”, critica.

Os documentos que sustentam a ilegalidade da doação já foram levados ao Ministério Público de Goiás (MPGO). Heldney afirma que o processo de registro da escritura foi paralisado após pressão popular e denúncias junto aos cartórios locais. “Nós oficializamos no cartório, falando da ilegalidade, que eles poderiam responder por esse crime, porque isso é ilegal”, detalhou.

A defesa do Lava Pés, segundo Heldney, é antes de tudo uma luta pela preservação da identidade e dos direitos da população local. “O problema é na venda, se o seu Evangelino ficasse ali, apesar de ele não ter animal nenhum, ele nunca criou animal nenhum, quem criava era o sogro dele que tinha esse legado, o senhor Divino. Mas se ele assumisse o lugar do sogro dele, nós cidadãos não iríamos nos sentir ameaçados. O problema é ele querer vender”, concluiu.

Procurado a respeito das especulações que envolvem o suposto interesse na compra de parte do Parque Municipal Lava Pés, o Grupo Majulê enviou uma nota com seu posicionamento.

“A Cachoeira Lava Pés é um patrimônio público de Cavalcante, e o Majulê não possui qualquer relação com sua administração ou uso. Reiteramos nosso total respeito à importância cultural, histórica e afetiva que esse local representa para a comunidade, e reafirmamos que não há – e nunca haverá – qualquer interesse do Majulê em limitar ou interferir no acesso da população”, diz o comunicado.

A empresa acrescentou que todas as suas atividades são realizadas apenas em áreas privadas, com registros legais e seguindo as autorizações e licenças exigidas pelos órgãos competentes.

O Ministério Público de Goiás instaurou uma investigação para apurar as denúncias. A comunidade, por sua vez, segue mobilizada. Heldney promete continuar lutando. “O Lava Pé é nossa identidade, nossa história, nosso sustento emocional. Não vamos aceitar que seja vendido como se fosse um terreno qualquer. Essa área pertence ao povo de Cavalcante e ao mundo inteiro, porque a natureza é patrimônio de todo ser humano e de todos os seres vivos.”

Fonte: Jornal Opção

Destaques
Siga no Instagram Siga no Facebook Siga no TikTok
Compartilhar WhatsApp Facebook Email Twitter Copy Link
Matéria AnteriorGuarani de Goiás: Prefeito Janézio Pereira dialoga com comunidades rurais sobre melhorias no abastecimento de água
Próximo Matéria Thalles & Júnior se destacam na programação do Arraiá de LEM-BA, com show entre Natanzinho Lima e Limão com Mel
PUBLICIDADE
Banner 1

Postagens Relacionadas

Professora tem casa destruída por incêndio em Cavalcante-GO

9 de outubro de 2025

Polícia Militar recupera três transformadores avaliados em R$ 60 mil furtados em Iaciara-GO

9 de outubro de 2025

Operação Integrada “Metanol” resulta em apreensão de cigarros eletrônicos e bebidas vencidas em Posse-GO

9 de outubro de 2025

Menina de três anos morre afogada em piscina durante aniversário em LEM-BA

8 de outubro de 2025

Incêndio atinge fardos de algodão em pátio de algodoeira ás margens da BR-020

8 de outubro de 2025

Polícia Civil prende homem em flagrante por tráfico de drogas e posse ilegal de armas em Posse-GO

8 de outubro de 2025
Adicione um comentário

Comments are closed.

COLUNISTAS

Autores

  • Antônio Carlos
    Antônio Carlos

  • Redação
    Redação

Banner 1
Banner 1
ÚLTIMAS POSTAGENS

Atletas do Karatê de Guarani, Iaciara e Posse-GO mostram força e talento na 4ª Copa Construindo Campeões, em Goiânia 

9 de outubro de 2025

Professora tem casa destruída por incêndio em Cavalcante-GO

9 de outubro de 2025

Vídeo mostra vazamento dentro da Saneago em meio à falta d’água que atinge bairros de Posse-GO

9 de outubro de 2025

Polícia Militar recupera três transformadores avaliados em R$ 60 mil furtados em Iaciara-GO

9 de outubro de 2025
SIGA-NÓS
  • Instagram
  • Facebook
  • TikTok

E-mail: antoniocarlospereira21@gmail.com

Facebook Instagram TikTok
Blog Antônio Carlos © Copyright 2013 - 2025 | Todos os Direitos Reservados – Desenvolvido por: Exímio Agência - Leandro Fox

Digite acima e pressione Enter para pesquisar Esc cancelar.