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Bolsonaro gastou R$ 420 mil com cartão em visitas a Goiás

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou pelo menos R$ 420 mil com cartões corporativos durante visitas a cidades goianas ao longo do mandato (2019-2022). Na lista de estabelecimentos, estão dois que têm políticos como proprietários.

Em Aparecida de Goiânia, um restaurante de bairro de classe média, com comida por quilo, concentrou quase a metade dos gastos com alimentação da comitiva presidencial em Goiás nos últimos quatro anos.

As despesas também incluem notas emitidas em data em que o presidente Bolsonaro não estava em Goiânia, mas os filhos Eduardo e Jair Renan, 03 e 04, estavam.

O Bella Cozinha, na Vila Alzira, em Aparecida, recebeu ao total R$ 88.888,00, em nove pagamentos. O mais alto deles foi de R$ 19,2 mil em apenas uma nota. O restaurante, que foi aberto em 2017, tem self service com R$ 46,90 o quilo.

O estabelecimento emitiu notas de quase R$ 20 mil na terceira visita de Bolsonaro a Goiás, em 26 de julho de 2019, quando veio a Goiânia acompanhar a formatura do sobrinho Luiz Paulo Leite Bolsonaro na Academia da Polícia Militar de Goiás. Na ocasião, o então presidente almoçou na fazenda do cantor Amado Batista, em Goianápolis, onde foi servido churrasco em buffet de uma outra empresa.

Não há informações detalhadas sobre o gasto com a Bella Cozinha, como horário de fornecimento, onde foi servida a comida e quantas foram as refeições. Uma funcionária do restaurante disse nesta sexta-feira (13), pela manhã, que apenas a proprietária poderia falar do assunto e que ela só retornaria na próxima semana. A atendente não quis fornecer o telefone de contato da dona. Segundo ela, o restaurante não faz entrega e só abre no almoço.

Na vinda para a formatura do sobrinho do presidente, a comitiva teve gastos de R$ 11,3 mil com hospedagem em Goiânia.

O restaurante recebeu outros quatro pagamentos para fornecer alimento ao grupo da Presidência, mesmo quando as agendas eram em Anápolis (a 72 quilômetros de Aparecida).

Ao total, as despesas dos cartões corporativos com comida em Goiás somaram R$ 193,7 mil, enquanto com hospedagem foram de R$ 196,7 mil. Cerca de um quarto dessa última rubrica foi para o hotel Di Roma, em Caldas Novas, de propriedade da deputada federal Magda Mofatto (PL).

O hotel recebeu a comitiva do Planalto em agosto de 2020, quando houve inauguração de usina e em abril de 2021, quando a então primeira-dama Michelle Bolsonaro visitou o clube. A deputada postou foto das duas na ocasião.

Em três pagamentos, dois por hospedagem e um por alimentação, os cartões registraram R$ 47,8 mil de despesas no DiRoma.

O empresário e ex-candidato a prefeito de Senador Canedo Zélio Cândido, em 2016, apoiado pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD), tem um posto de combustível em Goiânia que recebeu, em um dia, quase R$ 3 mil para abastecer veículos da presidência. O posto Asa Norte, no Setor Santa Genoveva, forneceu 23 notas, com valores que variam de R$ 7 a R$ 540.

Ao total, as despesas com combustíveis em Goiás somaram R$ 18,7 mil, o que significa que o posto do ex-candidato recebeu um sexto do valor. Outros quatro postos receberam em um só dia de R$ 2 mil a R$ 3,3 mil: DDD, em Simolândia; Cristal em Alto Paraíso; Araguaia, em Anápolis; e SR São Paulo, em Formosa.

O levantamento das despesas em documento divulgado esta semana pela Secretaria-Geral da Presidência da República, em atendimento a pedido feito pela Lei de Acesso à Informação (LAI) pela agência Fiquem Sabendo. Os dados não eram divulgados no governo Bolsonaro sob argumento de privacidade.

Os gastos podem ser maiores tanto porque há suspeitas de que a relação oficial ainda não esteja completa como também porque o levantamento considera apenas os dias em que Bolsonaro teve agenda oficial ou que tenha sido divulgada nas redes do ex-presidente no estado. A reportagem considerou 30 dias de visitas.

A lista divulgada pelo governo identifica apenas a data das despesas, o nome do estabelecimento e o CNPJ, além dos valores e rubrica do gasto. Não é possível filtrar em quais cidades estão as empresas.

Registros

Ao todo, segundo os dados divulgados, Bolsonaro gastou R$ 27,6 milhões nos quatro anos de governo, que representam menos do que as despesas registradas em cada uma das gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-10) e da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-16), ambos do PT.

Segundo a agência Fiquem Sabendo, especializada em transparência do poder público, os dados podem estar incompletos por conta da ausência de informações sobre viagens ao exterior e diferenças sobre gastos totais que já haviam sido divulgados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, a distribuição dos cartões teria sido reduzida a menos agentes.

Em parte das visitas de Bolsonaro a Goiás, não houve registro de gastos. Pela proximidade do estado com o Distrito Federal, o ex-presidente vinha com frequência a cidades goianas apenas de passagem para cumprimentar apoiadores.

Nas datas de motociatas por aqui, não há registros de despesas.

Em todo o País, segundo O Globo, o governo Bolsonaro gastou mais de R$ 1,5 milhão em dias em que o ex-presidente participou de motociatas. Os maiores valores foram para hotéis, alimentação, serviço logístico e gasolina.

Gastos registrados no dia em que Jair Renan foi a festa encerrada pela PM

No dia 30 de agosto de 2021, os jornais goianos noticiavam a repercussão de festa de luxo clandestina encerrada no fim de semana, em Goiânia, que teve a presença do filho 04 do então presidente Jair Bolsonaro (PL), o Jair Renan. Naquela mesma data, ele postou que continuava na capital goiana, onde fez uma tatuagem com o rosto do pai.

Também naquele dia 30, o deputado federal Eduardo Bolsonaro estava em Goiânia, para uma série de visitas acompanhado do deputado federal Major Vitor Hugo e da vereadora Gabriela Rodart. Ele foi ao Comando de Operações Especiais do Exército, participou de entrega de diplomas a policiais civis e participou de cerimônia na Câmara de Goiânia em homenagem aos 163 anos da Polícia Militar de Goiás.

O presidente Bolsonaro havia cumprido agenda em Goiânia nos dias 27 e 28, quando foi a solenidade do Exército, fez motociata e participou de evento evangélico. Nas datas da presença dele na capital não houve registros de gastos dos cartões corporativos, mas no dia 30 foram contabilizados R$ 64 mil de despesas da comitiva presidencial.

Com hospedagem, houve despesas de R$ 33,5 mil, em dois hoteis, e com alimentação, R$ 21,2 mil em apenas um restaurante. Também houve registro de R$ 5,6 mil de serviço de apoio, e R$ 3 mil de locação de bens móveis, ambos sem especificação.

Na manhã do dia 30, o presidente fez a transmissão de uma entrevista que concedeu a rádio de Goiás, mas já estava em seu gabinete, em Brasília. Segundo informações divulgadas à época, ele deixou Goiânia após o evento evangélico no sábado (28).

A festa de que Jair Renan participou no mesmo dia foi encerrada pela Polícia Militar, por descumprimento de regras sanitárias – por conta da Covid-19, ainda em alta na época. Segundo a PM, havia mais de mil pessoas no evento no Palácio Monte Líbano, no alto do Morro do Mendanha.

Fonte: O Popular

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