O agente da Polícia Federal Lucas Valença, conhecido como hipster da Federal, atirou com uma submetralhadora de dentro de um carro no dia em que morreu.
A informação consta no inquérito da Polícia Civil de Goiás que investigou a morte do rapaz, vítima de um disparo de arma de fogo após invadir uma fazenda em Buritinópolis, no interior de Goiás, em 2 de março último.
O dono da propriedade rural disparou contra Valença depois de ter sido ameaçado por ele. A investigação concluiu pelo indiciamento do autor do tiro por posse ilegal de arma de fogo, mas descartou homicídio. A apuração concluiu que ele agiu em legítima defesa.
Mudança de comportamento
De acordo com o inquérito, Valença morava em Brasília e havia viajado com amigos e familiares para a zona rural de Buritinópolis, tendo se instalado em chalés da região de Santa Rita. “Dizem que ele chegou muito bem, chegou alegre, ia ser o melhor final de semana da vida dele”, relatou o delegado Alex Rodrigues, responsável pelo caso.
“Em determinado momento, ele se estressou com o cachorro que ele tinha levado, se estranhou com outro cachorro da família e teve uma reação desproporcional. Depois disso, começou a apresentar um comportamento melancólico, depressivo, e só foi piorando”, acrescentou o investigador.
Como Lucas estava nervoso e alterado, uma médica amiga dele, que acompanhava o grupo, lhe deu um remédio para que se acalmasse. Rodrigues ressaltou que, “durante a noite, essa agressividade dele foi piorando, não chegou a ter agressão física contra o padrasto, mas danificou todo o imóvel, falando palavras e frases desconexas”.
Receosos de lidar com um agente da PF nessas condições, a família decidiu pedir ajuda a colegas dele na corporação. Os policiais foram até a cidade goiana e colocaram Valença em um carro para levá-lo de volta a Brasília. Segundo a Polícia Civil de Goiás, o objetivo dos parentes era internar o agente em uma clínica psiquiátrica.
Dentro do veículo, Valença teve uma nova crise agressiva. “Ele estava acautelando armas da Polícia Federal e disparou uma submetralhadora. Ele estava muito nervoso”, afirmou o delegado.
O agente pedia que o levassem de volta à zona rural e ameaçou matar os colegas dentro do carro se não o conduzissem à chácara. Os colegas conseguiram desarmá-lo, mas decidiram retonar a Buritinópolis. Ao final, Valença alegou que iria para casa, tomar um banho e dormir.
Lucas Valença não foi para casa. Ele seguiu para a fazenda Santa Rita, onde ameaçou os moradores. Do lado de fora, desligou a energia, proferiu xingamentos e arrombou a porta. No escuro, o fazendeiro disparou contra ele, para proteger a esposa e a filha de 3 anos. Ferido, o agente gritava que era policial.
Ao religar a energia, o morador percebeu que havia atingido o rapaz e acionou o socorro. O agente não resistiu à hemorragia, consequência da perfuração do fígado, e morreu no local.
THC
Lucas Valença, que estava em tratamento psicológico, fazia uso de medicamentos controlados. A perícia não constatou a presença de álcool, mas o exame toxicológico constatou que no corpo dele havia THC – substância ativa da maconha.
“Só que a gente não sabe precisar se a substância foi advinda de algum uso ilícito de droga ou de algum medicamento”, afirmou o delegado. A psicóloga que o acompanhava não revelou quais remédios Valença tomava.
Fonte e texto: R7