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Esposa do morador que matou ‘hipster da Federal’ foi diarista da família do policial e ligou para mãe dele ao ouvi-lo chamar por ela, em Buritinópolis-GO

A esposa do morador que matou Lucas Valença, conhecido como “hipster da Federal”, já havia trabalhado como diarista para a mãe da vítima, limpando a casa da chácara da família em Buritinópolis, no nordeste goiano.

Em depoimento à Polícia Civil, a mulher contou que ouviu o policial fora da casa dela chamando o nome da mãe, lembrou da mulher com o mesmo nome para quem tinha prestado serviço e ligou para ela.

Segundo registro das investigações, a esposa do atirador perguntou à ex-cliente se ela tinha um filho chamado Lucas e, quando teve a confirmação, contou o que estava acontecendo.

“Informou que o filho dela estava do lado de fora de sua casa bastante alterado, gritando, xingando, e a senhora [mãe de Lucas] disse para ela ficar dentro de casa, fingir que não tinha ninguém, que Lucas não faria nada, e assim foi feito”, lê-se no depoimento da moradora.

A mãe de Lucas disse à corporação que, na ligação, também contou à diarista que o filho era policial, não estava armado, mas estava em surto. Mais tarde, ela soube, também pela esposa do atirador, que o filho havia arrombado a porta da casa e sido baleado.

Lucas morreu na noite de 2 de março de 2022. Ele ficou conhecido nacionalmente após escoltar o então deputado federal cassado Eduardo Cunha, em Brasília, e chamar a atenção pela postura e a aparência física.

O autor do disparo foi indiciado por posse ilegal de arma de fogo e responde em liberdade. Ele chegou a ser preso em flagrante, pagar fiança de R$ 2 mil e foi liberado em seguida. A investigação concluiu que ele agiu em legítima defesa.

A reportagem não conseguiu descobrir quem representa a defesa do morador para pedir uma posição sobre o caso.

De acordo com o delegado Alex Rodrigues, responsável pela investigação, o primeiro sinal de alteração em Lucas notado pelos familiares foi uma reação que eles consideraram desproporcional a uma briga entre o cachorro do policial – que ele havia adotado recentemente e levado à chácara – e o cão da família.

Rodrigues descreveu que, para separá-los, Lucas acabou chutando o segundo animal. Esse teria sido o início do surto de agressividade do policial, que acabou rolando com o cachorro no chão, pediu desculpas por diversas vezes, mas teve que tomar uma vacina antitetânica no dia seguinte.

Depois disso, Lucas teria danificado a casa da chácara da família de várias formas. Entre elas, cravando um canivete através de um coração feito de espuma a uma porta (veja foto acima).

“A mãe dele tinha voltado para a casa em que mora em Brasília com o outro filho, irmão de Lucas, e ele estava com o padrasto, que foi notando piora no comportamento dele”, completou o delegado.

A família decidiu pedir ajuda a um amigo de Lucas, que é policial federal e foi chefe dele na corporação. Este e outros dois policiais amigos também foram à chácara para tentar ajudar.

Os amigos tiraram de Lucas a submetralhadora e duas pistolas que ele tinha no local, deram um remédio a ele para que se acalmasse, o colocaram na caminhonete em que estavam e tentaram levá-lo a uma clínica em Brasília. No entanto, Valença voltou ao surto no caminho e saía do carro, correndo pela rodovia e insistia em voltar para a chácara.

Rodrigues disse que a família não explicou se ele estava ou não tomando algum medicamento e se tinha acompanhamento de algum psiquiatra. A psicóloga de Lucas, segundo o delegado, também preferiu não dar detalhes sobre o tratamento.

O delegado contou que os amigos tentaram ajudar Lucas durante cerca de 12 horas, até que desistiram de insistir e o deixaram onde ele pediu: em frente ao condomínio de chácaras em que ficava a propriedade da família dele.

Após esse momento, Lucas caminhou cerca de 1,5 km até a casa em que acabou morto. As investigações apontaram que ele estava descalço e de bermuda quando quebrou a chave da energia da casa e invadiu o imóvel.

Lucas Valença estava “transtornado, proferindo xingamentos e ameaças, no meio de surto psicótico, chegando a quebrar o padrão de energia da residência e, ao final, arrombar a porta de acesso ao imóvel”, segundo o inquérito policial.

O delegado explicou que, segundo o autor do disparo, a arma foi comprada há cerca de quatro anos. A espingarda era, originalmente, de chumbinho, mas foi adaptada para se tornar uma arma de fogo.

“Ele disse que tinha essa arma para se proteger de possíveis animais, porque morava na zona rural”, disse Rodrigues.

Fonte: G1

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