Um fazendeiro é suspeito de desmatar e usar drenos para retirar a água do solo em uma área ao lado do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Cavalcante, no nordeste goiano. Segundo a Polícia Civil, a retirada da água do solo causa a seca da região e o prejuízo é “imensurável”. O suspeito deve responder por crimes ambientais em liberdade.
Até a última atualização desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com a defesa do suspeito para que se posicione. Em depoimento à polícia, o dono da fazenda assumiu que desmatou e secou a área de preservação permanente para cultivar soja.
O delegado Luziano de Carvalho, da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema), concluiu o inquérito sobre o caso nesta segunda-feira (10) e disse que irá encaminhar o procedimento ao Poder Judiciário ainda nesta semana.
Luziano contou que a Polícia Civil fez imagens, com o uso de drones, na fazenda, que fica no município de Cavalcante e faz divisa com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Na foto, é possível ver uma grande área em marrom, o que, segundo o delegado, significa a área desmatada.
Além disso, a investigação mostrou que, para secar toda a área de brejo, o proprietário construiu drenos e, na tentativa de despistar a fiscalização, ele tampava as escavações com pedras, madeira, lona e terra. De acordo com o delegado, a quantidade de nascentes destruídas com esse processo é imensurável.
“Drenos tem, por finalidade, secar e acabar com a água naquele ambiente e, consequentemente, vai ter ligações com toda a região, todo o ecossistema, ou seja, o impacto é muito grande”, disse Luziano de Carvalho.
O dono da fazenda prestou depoimento e assumiu que desmatou e secou a área de preservação permanente pra cultivar soja. A polícia disse que ele já responde a um processo por desmatamento desde 2020. Na época, foram apreendidas máquinas usadas para derrubar árvores dentro da propriedade dele.
Agora, além de responder a um novo processo por crime ambiental, a polícia orientou que o investigado apresente um plano de recuperação da área degradada. Segundo o delegado, é uma forma de evitar que os danos atinjam a área do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
“Quando você destrói, mesmo às margens do parque, você está comprometendo diretamente o parque”, disse o delegado.
O delegado contou ainda que ele deve responder por impedir ou dificultar a regeneração natural e por construir em área de relevante valor ecológico.
A reportagem entrou em contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o parque, por mensagens enviadas as 19h50 desta segunda-feira, para saber se eles ficaram sabendo da investigação e se querem emitir algum posicionamento, e aguarda retorno até a última atualização desta matéria.
Fonte: G1