O prefeito de Divinópolis de Goiás, Charley Tolentino, usou duras palavras contra o presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra), Pedro Henrique Sales.
A reunião ocorreu nesta segunda-feira (11), na sede da Agência, em Goiânia, onde compareceu diversos prefeitos, vereadores, lideranças do Nordeste de Goiás e três deputados federais pelo o estado.
A intenção da comitiva foi forçar a Goinfra a retomar as obras das GO-447 e GO-112, de extrema importância para a região, uma promessa de 40 anos e em obra há mais de 8 anos.
São cerca de 60 km de rodovia a ser pavimentada, mas que já consumiu milhões de dinheiro, desperdício de material, passou por três governadores e tem trazido uma intensa dor de cabeça a todos os cidadãos goianos do nordeste do estado.
O governador Caiado foi ao canteiro duas vezes inaugurar o início das obras, inclusive uma no início deste ano.
A promessa era entregá-la em sete meses, com a pavimentação de 7km por mês.
A empreiteira Pavienge assumiu o compromisso e entregou 6 km desde março passado.
Mas um imbróglio voltou à tona.
Por conta de uma medição de asfaltamento paga pelo governo e não realizada pela empresa antecessora, a Locatec, ainda na gestão do ex-governador José Eliton, no valor de mais de R$ 4 milhões, há uma ação na justiça que cobra o ressarcimento dos valores aos cofres públicos.
Em virtude disso, temeroso de repercussões judiciais e administrativas, o presidente da Goinfra, segundo explicações de quem participou da tensa reunião, decidiu paralisar as obras até uma decisão judicial, ao invés de trocar o pneu do carro em movimento, como se diz na boa e eficiente administração.
Essa falta de habilidade política do presidente da Goinfra pode custar caro ao governador Ronaldo Caiado e ao grupo político que o apoia.
Se não bastasse os prejuízos às comunidades do Nordeste do estado, a ação ou a omissão de Pedro Sales está oferecendo, de mão beijada, a faca e o queijo aos adversários de Caiado na região.
Ao perceber a inabilidade política do presidente da Goinfra, o prefeito Charles Tolentino, na frente de três deputados federais e de uma plateia de lideranças regionais, municiados de celulares e filmadoras, teve que usar duras palavras para tentar alertar Pedro Sales do tamanho do prejuízo político.
“Presidente, quando começar a chover, o serviço de saúde não vai poder chegar nos distritos por conta da lama. Quero que o senhor entenda isso. Por causa de R$ 4 milhões, não se pode para essa obra. Parar porque a Goinfra não consegue resolver o ressarcimento de R$ 4 milhões da empreiteira é um desastre. É um absurdo. A Goinfra não pode desgastar o nome do governador. A responsabilidade é sua”, disse Tolentino.
O prefeito, diante da plateia, também disse que ninguém é contra o governador Caiado, mas é uma realidade que o povo não suporta mais.
“E o povo tá cobrando dos prefeitos e dos vereadores. O governador que eu defendo do município vai sofrer uma rejeição assim como nós que o apoiamos”.
Pedro Sales reagiu ao prefeito e, aos gritos, disse que não iria deixar o “dele” no fogo. “Me respeita. Tenho direito de autopreservação”, disse.
O deputado federal José Nelto (PP-GO) também percebeu o tamanho do estrago e, experiente, mandou ao governador Caiado um áudio, meio que duro, inteirando-o da situação e cobrando uma solução.
José Nelto percebeu a fritura posta em prática pelo presidente da Goinfra. A tendência é que a carne fique tostada feito carvão.
Texto: Dinomar Miranda