A Prefeitura de Correntina, no oeste da Bahia, divulgou uma nota oficial nesta quarta-feira (20) para explicar a licitação que virou alvo de polêmica nas últimas semanas, envolvendo valores milionários para a compra de pães, bolos, pastéis e outros lanches. O contrato, que chamou a atenção por prever mais de R$ 5,6 milhões em fornecimento desses itens, foi assinado com três panificadoras locais e gerou questionamentos da população sobre a real necessidade de tais quantidades para um município com cerca de 35 mil habitantes.
De acordo com a gestão do prefeito Mariano Correntina, os números apresentados no edital são apenas estimativas baseadas no histórico de consumo das secretarias, e não significam que a totalidade dos itens será adquirida. A administração explicou que as compras efetivas são feitas conforme a demanda e de acordo com a disponibilidade orçamentária. Como exemplo, em agosto estavam previstos 6.663 pães, mas somente 416 foram de fato comprados, o que representa 6,24% do total. No caso dos bolos, de 4.166 unidades previstas, apenas 97 foram adquiridas, correspondendo a 2,32%.
A nota ainda reforça que todos os preços praticados no contrato seguiram valores de mercado, em conformidade com a Lei nº 14.133/2021, a nova lei de licitações, e que todo o processo está registrado no processo administrativo nº 261/2025. A prefeitura afirma que os contratos foram firmados para garantir abastecimento contínuo a eventos institucionais e programas sociais, mas que os gastos efetivos ficam bem abaixo do montante máximo estimado.
Apesar da explicação, a licitação continua sendo alvo de críticas. Moradores questionam se realmente há necessidade de previsão de mais de 110 mil pastéis, 50 mil bolos e dezenas de milhares de pães para o período, especialmente em um momento em que o município enfrenta dificuldades financeiras. O Ministério Público da Bahia, inclusive, chegou a recomendar a suspensão do Carnaval deste ano devido a atrasos no pagamento de servidores e à situação de calamidade administrativa.
Diante da repercussão, a gestão de Mariano Correntina insiste que não há irregularidades, destacando que os valores totais representam apenas limites de fornecimento e que a utilização dependerá da demanda real. Ainda assim, a polêmica expõe a necessidade de maior transparência e fiscalização na execução dos contratos, para que a população tenha clareza sobre o destino dos recursos públicos em uma cidade que vive um cenário de restrições financeiras.