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Repórter usa capa de chuva, mas leva banho de foliões em festa centenária de carnaval, em Arraias-TO

Em Arraias, no sudeste do Tocantins, foliões desceram e subiram as ladeiras dançando, cantando marchinhas e molhando uns aos outros, no Entrudo, festa centenária em Arraias. Nem a repórter escapou. Ana Paula Rehbein até tentou usar uma capa de chuva, mas levou um banho. Foi tanta água que ela acabou se rendendo e, no fim da reportagem, apareceu toda molhada.

Essa brincadeira de molhar uns aos outros, durante a folia, começou na época do Império, durante o auge do ciclo do ouro em Arraias. Até hoje, os moradores mantêm a tradição.

A festa foi neste domingo (19). Às 07h, os arraianos e turistas estavam prontos. Antes do bloco desfilar pela cidade, alguns fizeram uma espécie de esquenta no quintal de uma casa.

Os foliões comeram um caldo reforçado. “É um caldo bastante forte, a receita é de uma amiga nossa, professora da UFT que trouxe do Mato Grosso do Sul, chama puchero. A base é mandioca e carnes, chambari, carne de pescoço, muito músculo. É bastante forte para o pessoal aguentar o dia todo”, explicou a professora da UFT, Gisele Almeida.

“Esse caldo sustenta, para quem está de ressaca, esse caldinho é uma maravilha”, comenta a professora Marisa Almeida.

A receita foi preparada pelo ‘Galizé da Madrugada’, bloquinho de amigos, professores e alunos da UFT. “A gente brinca junto, com certeza deixa mais divertido e mais presente essa questão do diálogo com a cultural, com os valores da cidade”.

Os nutrientes são necessários para aguentar o percurso do entrudo, o tradicional bloco molhado de Arrais, que atrai turistas do país inteiro. Todo mundo fica com o baldinho na mão.

“Minha amiga me chamou, fiquei sabendo dessa tradição e curiosíssima para conhecer. Estou amando”, disse a professora Maria Almeida, enquanto era molhada durante a entrevista.

Durante a festa, foliões percorreram quilômetros descendo e subindo ladeiras. Moradores ajudaram a fornecer água com mangueiras. Na frente do bloco, o caminhão-pipa fez a reposição dos baldes.

Moradores de Arraias e turistas saem pelas ruas molhando uns aos outros — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Moradores de Arraias e turistas saem pelas ruas molhando uns aos outros — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Quem estava em casa saiu na janela para prestigiar e ver a banda passar. A aposentada Maria dos Santos disse que não perdia por nada essa alegria. “Eu sou daqui, mas moro há 50 anos em Brasília. Todo ano eu venho, eu amo o carnaval, não existe igual ao de Arraias”.

Com água em abundância, qualquer tentativa de não se molhar, é bobagem. É o valor histórico dessa festa que motiva os moradores a preservarem esse formato de carnaval, que tem até rei e rainha.

“Resolvemos criar o bloco Os Súditos do Rei, que está sendo o maior sucesso”. Enquanto o rei dava entrevista, ele também foi molhado: “Ai respeita o rei! Está vendo aqui? Em Arraias, não se respeita nem o rei”, brincou o aposentado Leandro Azevedo.

“A cultura aqui sempre permanece firme com alegria. Tem que estar preparada e entender que o entrudo é com água. Só Arraias sabe fazer”, finalizou a professora da UFT, Helena Quirino.

Fonte: G1

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