A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) vai investir R$ 18 milhões na economia de comunidades tradicionais – como indígenas e quilombolas – que protegem o Cerrado em seus respectivos territórios. Trata-se de um novo módulo do programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) da pasta. O edital foi publicado na edição do dia 19 de novembro do Diário Oficial do Estado. As inscrições para esse ciclo começaram no dia 20 de novembro e vão até 2 de fevereiro de 2026.
Estão aptas a participar todas as associações que sejam representantes legítimas de comunidades tradicionais existentes em Goiás. De acordo com o decreto federal 6040/2007, comunidades tradicionais são “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.
Serão aceitas nesse módulo do PSA as comunidades que tiverem preservado vegetação nativa nos últimos 36 meses, em território delimitado pelo governo federal. As que tiverem a inscrição aceita vão elaborar ideias de empreendimentos na área de sociobiodiversidade (um conceito voltado à geração de renda em harmonia com a natureza, usando matérias-primas existentes no Cerrado) e submeter essas ideias a uma comissão avaliadora, formada por representantes da própria comunidade e da Semad.
As ideias aprovadas vão virar projetos financiados pela Semad. A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, afirma que esse módulo do PSA aposta em um conceito conhecido como “dinheiro-semente”. “Nós vamos aportar recursos em iniciativas com potencial para melhorar a renda e a vida dessas comunidades, que já prestam valioso serviço na preservação da nossa biodiversidade e não são reconhecidas por isso”, explica.
A Semad vai definir qual valor será disponibilizado para cada comunidade tradicional a partir de uma equação, detalhada no edital, que leva em conta a área preservada e o número de pessoas que residem no território. Parte desse valor poderá ser aportado na contratação de consultorias para ajudar na elaboração e gestão dos projetos, se for necessário. O Governo de Goiás vai monitorar a execução do projeto e os gastos a partir de relatórios semestrais.
Os projetos terão duração que pode variar de 12 a 36 meses, e devem obrigatoriamente estar enquadrados em uma das cinco categorias previstas no edital: saúde e bem-estar; turismo; artesanato e biojoias; cultura, sagrado e religiosidade; produtos do Cerrado e da agricultura familiar. A Semad disponibilizará, nos próximos dias, uma página no site institucional com perguntas e respostas sobre o assunto.
QUADRO 1
Cronograma do PSA Comunidades Tradicionais:
Inscrição: de 20 de novembro a 20 de fevereiro de 2026.
Estruturação: terá início após o deferimento das inscrições e encerrada, no máximo, em 21 de dezembro de 2026. Essa etapa será dividida em:
a) mobilização interna e seleção de ideias: 60 dias para mobilizar a comunidade e selecionar ideias
b) elaboração de projetos: até seis meses, com possibilidade de prorrogação por mais 20 dias, para desenvolvimento de projetos selecionados
Implementação: começa em 21 de dezembro de 2026 e termina em outubro de 2028
QUADRO 2
Territórios e comunidades aptos a participar do programa
Indígenas:
Avá-Canoeiro (Minaçu e Colinas do Sul)
Karajá I e III (Aruanã)
Carretão I e II (Nova América e Rubiataba)
Quilombolas
Buracão (Mineiros)
Porto Leocádio (São Luiz do Norte)
Rufino Francisco (Niquelândia)
Família Magalhães (Nova Roma)
Mesquita (Cidade Ocidental)
Baco Pari (Posse)
Tomas Cardoso (Barro Alto e Santa Rita do Novo Destino)
Kalunga (Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre)
Cedro (Mineiros)
Levantado (Iaciara)
Publicação DOE n° 24.666 de 19 de novembro de 2025

