No dia 5 de janeiro de 2016, a vida de Dahiane Serafim mudou para sempre. Ela seguia viagem pela GO-118, na curva das tabocas, em Monte Alegre de Goiás, quando um veículo em alta velocidade invadiu a pista contrária e colidiu frontalmente com seu carro. Seu filho de anos faleceu na hora. Dahiane sobreviveu, mas sofreu múltiplas fraturas e foi transferida em estado grave para Goiânia.
O trauma físico e emocional foi devastador. “Entrei em uma depressão fortíssima. Passei seis anos sem conseguir ver uma foto do meu filho. Perdi mais de 40 quilos. Foi como se a minha vida tivesse acabado junto com a dele”, relata.
Nove anos se passaram, mas a Justiça ainda não respondeu. Apesar de um processo cível de reparação iniciado em 2017 — devido à recusa da seguradora do motorista em pagar qualquer indenização — o caso continua parado. Mais revoltante ainda é saber que o processo criminal prescreveu, mesmo havendo morte no acidente, por pura falta de julgamento.
“Hoje eu não consigo trabalhar. Tenho comorbidades sérias causadas pelo acidente. E o responsável? Seis meses depois, estava curtindo na praia, enquanto eu mal conseguia sair da cama”, desabafa Dahiane. Segundo ela, o motorista estava a 120 km/h, enquanto ela trafegava a 40 km/h. O impacto foi tão forte que o airbag do outro veículo chegou a estourar.
Agora, além da dor que carrega diariamente, ela também luta por aposentadoria por invalidez, tentando garantir o mínimo de dignidade diante das limitações permanentes deixadas pela tragédia.
“Peço encarecidamente que me ajudem a fazer justiça. Não só por mim, mas por meu filho. Ele perdeu a vida ali naquela estrada, e até hoje ninguém respondeu por isso.”
O caso de Dahiane é um retrato da impunidade e da morosidade do sistema judiciário. Uma história de perda, de resistência e de uma mãe que não desiste — mesmo quando tudo parece ter parado no tempo.