O golpista que se passou pelo empresário Elon Musk para convencer uma mulher a dar dinheiro a ele uso inteligência artificial (IA) em áudios e imagens enviados para a vítima de Formosa, Região do Entorno do Distrito Federal, confirmou o delegado responsável pelo caso, José Antônio Sena. O suspeito também teria trocado vídeos com a vítima, mas sem mostrar o rosto.
“Ele mandava áudios sim, com inteligência artificial. Já sobre os vídeos, ela [a vítima] negou e não toca no assunto, mas os familiares dizem que sim, que há gravações de vídeos, mas não existiam imagens”, afirma Sena.
A mulher de 71 anos fez empréstimos e pretendia vender a própria casa para dar dinheiro ao golpista. Ao todo, ela perdeu mais de R$ 150 mil.
“A gente viu a vítima pouco colaborativa, minimizando o golpe, dizendo que os filhos estão com interesse no patrimônio dela e que foi um golpe sim, ela assume que foi um descuido, mas quando perguntamos detalhes, ela não colabora”, declarou.
Descoberta
Segundo o delegado, os filhos suspeitaram da história e descobriram o golpe quando a vítima quis vender a própria casa por cerca de R$ 500 mil, valor menor que o de mercado.
“O valor [da casa] é bem acima. Quando ela quis vender pelo valor de R$ 500 mil, foi que os filhos desconfiaram”, declarou
Sena diz que grande parte das provas obtidas para a investigação tem sido fornecidas pelos filhos da vítima. Segundo ele, entre os documentos obtidos pelos familiares estão comprovantes de depósito bancário, valores que o suspeito pedia para “encaminhar presentes” para a vítima, que nunca chegavam ao destino.
De acordo com Sena, a vítima tem uma boa condição financeira e é bem instruída, sendo uma empresária e viúva de um militar, mas teria sido levada a cair no golpe devido à idade avançada e à carência, o que a deixou vulnerável. Ainda segundo ele, a vítima teria mantido conversas com o golpista durante seis meses.
Golpe e chantagem emocional
Segundo o delegado, o suspeito pediu um valor alto em dinheiro para pagar o combustível de um suposto avião, dizendo que suas contas bancárias estariam bloqueadas. Em outro momento, o golpista disse que não foi possível encontrar a vítima por problemas na alfândega.
Por fim, segundo a polícia, a idosa teria feito dois empréstimos, sendo um no valor de R$ 65 mil e outro de R$ 92 mil, um total de R$ 157 mil.
Ainda de acordo com a polícia, constantemente o suspeito se aproveitava da parte emocional da vítima. Em algumas conversas, ele teria dito até que ensinaria inglês para a idosa. Em outra, ele teria pedido que a mulher cortasse a mão, dizendo que também teria cortado a própria mão e eles fariam um “pacto de sangue”.
“Ela cortou a mão, mas em sede policial ela alega que cortou a mão porque estava cozinhando e foi um acidente. Mas nas conversas apresentadas, fica evidente que de fato seria um pacto de sangue”, declarou Sena.
Investigações e alerta
Segundo o delegado, as investigações estão avançadas e a polícia aguarda decisão judicial sobre pedidos que podem levar à conclusão do caso. Até o momento, poucos detalhes foram divulgados sobre a investigação, mas de acordo com a corporação, o suspeito seria de outro estado.
A Polícia Civil de Goiás fez um alerta. De acordo com o órgão, para evitar situações de crimes virtuais, principalmente em estelionato amoroso, é importante que o usuário saiba quem de fato é a pessoa do outro lado e desconfie de qualquer pedido de dinheiro. Além disso, a polícia reforça que a inteligência artificial tem sido cada vez mais utilizada para cometer este tipo de crime.
O órgão pede uma atenção especial da família em relação aos idosos e crianças, por serem grupos vulneráveis, enquanto utilizam os meios digitais, desconfiando de qualquer conduta estranha e mantendo o acesso ao aparelho eletrônico.

Fonte: G1