InícioNotíciasCom mercado aquecido, arroba do boi dispara e preço da carne sobe

Com mercado aquecido, arroba do boi dispara e preço da carne sobe

No vaivém do mercado agropecuário brasileiro, que muitas vezes é tão imprevisível quanto o próprio clima, Mato Grosso do Sul assiste a um novo capítulo de sua história: a arroba do boi gordo superou a marca dos R$ 315, um preço que, até pouco tempo, parecia distante.

A última vez que a arroba havia atingido valor semelhante foi em fevereiro de 2022. Desta vez, no entanto, a escalada é sustentada por uma demanda aquecida e uma oferta controlada, o que promete um novo fôlego ao agronegócio da região, após um longo período de estabilidade que havia pressionado o setor.

Para os pecuaristas, o momento é de comemoração e de ajuste de contas. “Com a chegada da seca, muitos produtores optaram por segurar o gado, e o resultado foi uma oferta reduzida para os frigoríficos, que se viram com escalas cada vez mais curtas,” explica Guilherme Bumlai, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul). A retenção de gado foi estratégica, levando a um aumento progressivo dos preços, refletindo o controle do mercado local e a força do setor.

Uma recuperação que vai além das fronteiras – No Brasil, a carne bovina há muito tempo é sinônimo de riqueza cultural e culinária, mas nos últimos meses, o aumento das exportações também ajudou a impulsionar o setor. A reabertura de mercados internacionais e o aumento das exportações criaram um cenário favorável para a pecuária sul-mato-grossense, que agora tem em suas mãos a oportunidade de expandir suas vendas. “O apetite internacional pela carne brasileira ajuda a consolidar nossa posição no mercado global, ao mesmo tempo que valoriza o produto nacional,” comenta Staney Barbosa Melo, economista do Sindicato Rural de Campo Grande.

A retomada do valor da arroba é celebrada não apenas como uma oportunidade de lucro imediato, mas como uma sinalização de estabilidade para o futuro. Segundo Melo, “os últimos meses mostraram que o setor está resiliente e capaz de se adaptar rapidamente às demandas globais. Essa adaptabilidade, no entanto, não se reflete apenas nos preços; é um reflexo de uma cadeia produtiva sólida, preparada para atender ao consumidor com eficiência e qualidade.”

O mercado físico e o caminho da valorização – Desde o início do ano, o valor da arroba passou por uma verdadeira montanha-russa. Em janeiro, ela estava cotada a R$ 230, caindo gradativamente até atingir o ponto mais baixo, de R$ 216,88, em junho. A partir de agosto, no entanto, o mercado se recuperou, com o preço subindo de forma contínua até alcançar R$ 315 na última semana. O presidente da Acrissul aponta que esse aumento é uma resposta natural ao equilíbrio entre oferta e demanda. “Não é só sobre a escassez de gado; é uma questão de eficiência. O mercado aprendeu a reagir rápido às mudanças,” diz Bumlai.

Para os pecuaristas, a alta histórica significa que, após anos de baixa, os investimentos no setor finalmente estão gerando os retornos esperados. Em uma atividade de ciclo longo como a pecuária, os resultados nem sempre são imediatos, e cada subida de preços reflete anos de trabalho silencioso, de cuidados com a terra e com os animais.

Perspectivas para 2025: um cenário de oportunidades – Para o próximo ano, o mercado olha para frente com otimismo. A expectativa é que a valorização se mantenha, com o mercado de carnes crescendo a uma velocidade constante, impulsionado por uma demanda interna aquecida e por um consumo global que parece longe de recuar. “Tudo indica que o produtor rural pode esperar um cenário ainda melhor para 2025. Com a expectativa de uma nova retenção de fêmeas, podemos estar diante de um ciclo de oferta controlada que manterá a carne em alta,” explica Melo.

Essa retenção de fêmeas, aponta o economista, pode garantir uma produção mais robusta no futuro, ao mesmo tempo que dá espaço para que os preços continuem aquecidos. Com a carne valorizada, Mato Grosso do Sul segue reforçando seu papel no agronegócio brasileiro, provando que o setor de bovinocultura é mais do que uma base econômica; é parte essencial da identidade do estado.

A celebração dos produtores -,Na ponta da cadeia, os produtores sul-mato-grossenses veem o novo valor da arroba como uma vitória, mas não apenas uma vitória financeira. Para muitos, a valorização da carne bovina é o reconhecimento de uma trajetória de trabalho duro, paciência e resiliência. Em um mercado globalizado e competitivo, o Brasil e Mato Grosso do Sul, em particular mostra que tem as ferramentas para se adaptar e prosperar.

Para Bumlai, o momento é de celebração e de perspectiva positiva. “Este ano mostrou o que a pecuária sul-mato-grossense é capaz de alcançar. Vamos continuar a expandir, a inovar e a levar a carne do nosso estado para novos mercados,” declara ele. E para os consumidores, apesar da alta nos preços, a valorização da carne bovina significa também um compromisso renovado com a qualidade, um sabor de vitória que só quem conhece o ciclo longo da pecuária pode entender.

Fonte: A Crítica

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