O ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), atual Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Jayme Rincón, o empresário Maurício Sampaio, além de ex-servidores públicos e empresários se tornaram réus por irregularidades na construção de um aeródromo em Mambaí, nordeste do estado. Segundo as investigações, houve um desvio de R$ 2,2 milhões. Local nunca foi utilizado.
Ao todo, 15 pessoas respondem por crimes como corrupção ativa e passiva, fraude à licitação, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As denúncias contra eles foram aceitas na quinta-feira (10).
O aeródromo começou a ser construído em 2014. Porém, foi constatado que muitos dos serviços que estavam listados como realizados e pagos não tinha sido executados ou não foram feitos de acordo com o projeto. O asfalto da pista de pouso, por exemplo, estava com erosões.
A Agetop contratou a empresa Castelo Construções e Administração de Obras para o serviço. O valor da licitação foi de R$ 3,6 milhões. Porém, de maneira irregular, a empresa contratou a TEF Engenharia para executar a construção, o que era proibido pelo contrato inicial com o órgão estatal.
A reportagem tentou contato por telefone com as empresas, mas os números disponíveis na internet estão desativados. Com isso, não foi possível pedir um posicionamento até a última atualização dessa reportagem.
A Goinfra não respondeu ao pedido de nota enviado por e-mail às 10h15 até a última atualização da reportagem.
Segundo as investigações, o grupo era dividido em dois. O primeiro era composto por ex-servidores públicos da Agetop, que usavam os cargos para facilitar as irregularidades na construção. O segundo, formado por empresários, desviava o dinheiro público e lavava o dinheiro.
A defesa de Jayme Rincón disse que ficou surpresa com a ação de improbidade administrativa e que foram feitas acusações “tão somente pelo cargo que exercia”. Além disso, afirmou que a denúncia desconsidera tudo que foi construído no aeródromo de Mambaí e que os desgastes constatados são devido à paralisação da obra, que aconteceu em 2019.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Maurício Sampaio às 10h50 e não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.
Além dos dois, se tornaram réus:
Joerlindo Parreira
Marcos Martins Teodoro
José Marcos de Freitas Musse
Antônio Wilson Porto
Iris Bento Tavares
Celso Flores Pinto
Álvaro Otávio Dantas Maia
Thiago Oliveira
Hirã Rodrigues da Silva Filho
Thiago Câmara Sampaio
Maurício Borges Sampaio Filho
Flávia Rodrigues Gouveia
Leandro Lutianni Lázaro da Costa
O advogado Sérgio Crispim, que defende o ex-diretor de obras da Agetop, Antônio Wilson Porto, disse que o cliente está aposentado e as acusações foram feitas apenas devido ao cargo que ele ocupava. A defesa disse que Antônio não participou de qualquer irregularidade e tomou as medidas necessárias para que não fossem pagos serviços que não tivessem sido devidamente executados.
A reportagem entrou em contato por telefone com a defesa de Iris bento, então chefe do Núcleo Jurídico da Agetop, mas não teve retorno até a última publicação dessa reportagem.
Os advogados dos demais envolvidos não foram identificados até a última publicação desse texto.
Segundo a denúncia do Ministério Público, aceita pela Justiça, “a suposta organização criminosa teria um subnúcleo financeiro responsável pela movimentação dos recursos públicos e privados obtidos de maneira ilícita que se mesclavam com as atividades cotidianas das empresas para retornar em benefício dos próprios denunciados, em ações típicas de lavagem de capitais”.
Além disso, um dos investigados, que já faleceu, não tinha bens, tinha uma vida humilde, mas estava registrado como dono de três empresas compradas no período de 1 ano. Além disso, teria realizado investimentos de mais de R$ 8 milhões.
Após a denúncia ter sido aceita, a Justiça determinou que todos os réus fossem intimados para apresentar suas defesas.
Fonte: G1