A mineradora Aclara, que desenvolve um projeto de extração de terras raras no município de Nova Roma, no Nordeste de Goiás, firmou um acordo de financiamento com a Development Finance Corporation (DFC), banco estatal dos Estados Unidos. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo na segunda-feira (15).
O contrato assegura à Aclara um empréstimo de US$ 5 milhões (cerca de R$ 27 milhões), recurso que será destinado à conclusão dos estudos de viabilidade da mina em Goiás. Segundo a reportagem, o acordo prevê a possibilidade de conversão da dívida em ações da empresa.
O financiamento faz parte de uma estratégia dos Estados Unidos para reduzir a dependência da China na cadeia global de terras raras. Atualmente, o país asiático concentra cerca de 60% da extração mundial e 90% da capacidade de refino desses minerais estratégicos, usados principalmente na transição energética e na indústria de defesa. O Brasil possui a terceira maior reserva do mundo, atrás apenas da China e do Vietnã.
Terras raras são um grupo formado por 17 elementos químicos, cuja extração e separação demandam tecnologia complexa e alto investimento. Esses materiais são essenciais para a produção de motores elétricos, turbinas eólicas, baterias, equipamentos eletrônicos e sistemas militares.
Além da Aclara, outra mineradora goiana, a Serra Verde, que atua em Minaçu, também firmou acordo com o DFC, garantindo um empréstimo de maior porte para ampliação da produção. Atualmente, a Serra Verde é a única mineradora de terras raras em operação no Brasil.
No caso da Aclara, o financiamento tem foco exclusivo na fase de estudos do projeto em Nova Roma. Em outubro, a empresa anunciou ainda a construção de uma refinaria nos Estados Unidos, com investimento estimado em US$ 277 milhões, para processar o concentrado de terras raras produzido no Brasil. Segundo a companhia, a unidade deverá suprir até 75% da demanda norte-americana até 2028.
Em nota, a Aclara afirmou que o contrato com o DFC não obriga aportes financeiros futuros nem impõe o direcionamento da produção aos Estados Unidos. A empresa destacou que eventuais etapas de processamento fora do Brasil seguem critérios comerciais, técnicos e regulatórios, e que o país segue tendo papel central no projeto.
O tema do beneficiamento de minerais críticos no território nacional tem sido defendido pelo governo brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já declarou que a geração de valor agregado no Brasil é uma condição estratégica para projetos do setor.
O projeto da Aclara em Nova Roma é considerado um dos principais investimentos em mineração de terras raras em Goiás e pode colocar o estado em posição de destaque na cadeia global desses minerais estratégicos.

